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Uberabasuchus terrificus

Uberabasuchus foi um predador que viveu no Brasil durante o final do Período Cretáceo, sendo um réptil terrestre de parentesco com jacarés. Animal quadrúpede, com uma forte mordida e hábil caçador, ele foi um dos predadores mais terríveis de seu tempo, predando desde pequenos animais até os grandes dinossauros.         

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

CLADO: METASUCHIA

CLADO: NEOSUCHIA

SUBORDEM: NOTOSUCHIA

CLADO: SEBECIA

FAMÍLIA: PEIROSAURIDAE

GÊNERO: UBERABASUCHUS

ESPÉCIE: UBERABASUCHUS TERRIFICUS

Uberabasuchus

Fig. 1: reconstrução de Uberabasuchus, arte de Rodolfo Nogueira (adaptado).

DESCOBERTA:

 

   Os fósseis do Uberabasuchus foram desenterrados em Peirópolis, bairro da zona rural da cidade de Uberaba, Minas Gerais, sendo reconhecida como uma região de abundantes prospecções de fósseis de diferentes animais do Período Cretáceo.

   Peirópolis foi inicialmente explorada de 1947 a 1974 por Llewellyn Ivor Price, famoso paleontólogo brasileiro que foi enviado àquela localidade a convite da antiga Divisão de Geologia e Mineração (atual Departamento Nacional de Produção Mineral) para fiscalizar minas de cal. O primeiro local de pesquisa geológica foi na Pedreira Caieira, batizada mais tarde de Sítio Paleontológico Caieira e atualmente conhecida entre pesquisadores como “Ponto 1 de Price”. O local é escavado até hoje e muito utilizado pelo museu da região como ponto turístico de alunos, curiosos e afins.

   Mesmo após anos de exploração fóssil de Price na antiga pedreira, até hoje é possível se surpreender com novas descobertas, como foi o caso do Uberabasuchus. Encontrado em 2000 na base da Serra da Galga, no famoso Ponto 1, o crocodilo fóssil estava com 70% do corpo ainda articulado e boa parte do seu esqueleto foi encontrado. Até então este local só havia fornecido pequenos fragmentos, como ossos isolados e dentes, nunca um animal quase completo. Estudado por cerca de quatro anos pelos pesquisadores Ismar de Souza Carvalho, Luiz Carlos Borges Ribeiro e Leonardo dos Santos Avilla, o réptil foi oficialmente apresentado em artigo científico na Revista Gondwana Research do ano de 2004 e divulgado nas mídias brasileiras no ano de 2005.

   O excelente estado do fóssil do Uberabasuchus impressiona de tal forma que passou a ser utilizado pelo Museu do Dinossauro, em Peirópolis, como material de exposição. Ele se encontra praticamente na entrada do museu, ou seja, é a primeira peça observada e o conjunto de fósseis ainda se encontram encrustados na rocha na qual foi escavada.

 

 

ETIMOLOGIA:

     O nome do gênero Uberabasuchus é a junção da palavra Uberaba, cidade na qual foram encontrados os fósseis da espécie, e o termo grego souchus que significa crocodilo. O nome da espécie é terrificus por se tratar de um predador ativo daquele período, sendo um terror para suas presas. De modo geral o nome significa Terrível Crocodilo de Uberaba.  

 

Uberabasuchus

Fig. 2: Fóssil de Uberabasuchus durante as escavações em setembro de 2000, imagem de retirado de RIBEIRO (2014).

O ANIMAL:

 

   O Uberabasuchus foi um grande predador do Cretáceo brasileiro, medindo até 3 metros de comprimento, meio metro de altura, quadrúpede, esquio e com excelente poder de mordida. Era um réptil totalmente terrestre, como evidência seu crânio com narinas frontais e olhos laterais, os dentes das frentes eram usados para prender e arrancar, enquanto os de trás era usado para triturar carne, pele e até ossos. Ele pode ter sido realmente terrível para as presas da época.

  Os fósseis indicam que ele habitou o Brasil no final do Período Cretáceo, provavelmente durante o Maastrichtiano, entre 72 a 65 milhões anos atrás, sendo esta a última era geológica que os dinossauros são encontrados, tendo ocorrido uma grande extinção em massa no final da Era Mesozóica. O Uberabasuchus tem outra particularidade, ele pertencia à família Peirosauridae e seus parentes próximos eram répteis de hábitos tanto terrestres quanto aquáticos. Todavia, Uberabasuchus se diversificou de modo a se tornar um predador imponente e sem grandes habilidades aquáticas, o que não seria uma desvantagem visto que o clima da região era semiárido e bem quente. Até curioso observar que predadores crocodilomorfos terrestres, do topo da cadeia alimentar, normalmente são representados pela família do Baurusuchus. O Uberabasuchus evoluiu como um novo concorrente direto a esse grupo nesta região árida. 

   Uma estratégia usada pelos animais para se proteger do calor era escavar tocas que regulavam seu corpo e também os protegiam de perigos. O fóssil que encontraram do Uberabasuchus comprova essa hipótese, pois o Ponto 1 possui muitos fósseis desarticulados, visto que ali se depositavam o que rios e os fluxos de água carregavam, de modo que só encontra-se restos isolados sem ser possível associar especificamente a nenhum gênero, seja de crocodilomorfo ou dinossauro. Quando encontraram o esqueleto dele quase completo e unido percebeu-se que ele havia sido soterrado muito rápido quando morreu ou ele já estava dentro da toca na hora da morte. Outro ponto observado é que os membros como patas e cauda não estavam presente, sendo um cenário possível o seguinte: ele havia feito uma toca próximo ao curso d’água, provavelmente para sobreviver à estiagem, após sua morte a água invadiu e acabou carregando apenas os membros inferiores.   

  

Uberabasuchus

Fig. 3: Uberabasuchus atacando um saurópode, arte de Ariel Milani. 

AMÉRICA E MADAGASCAR:

 

   Na época que se estudava os fósseis do Uberabasuchus os pesquisadores perceberam similaridades com diversos outros crocodilomorfos, tanto brasileiros quanto de outros países, lhes chamando atenção para um que viveu em Madagascar chamado Mahajangasuchus. O fato de serem parentes, considerando que naquela época Madagascar já estava separa da África, também não mais unida à América do Sul, fez surgir a hipótese de que a América do Sul ainda tinha alguma ligação com a ilha de Madagascar não pela África, mas pela Antártica. Em tese a porção sul do continente ainda estaria unida a Antártica, na época com um clima bem mais ameno e, por sua vez, se ligava à Madagascar ainda durante o final do Cretáceo.

   Entretanto, o Mahajangasuchus não é mais considerado parente do Uberabasuchus, graças a mais pesquisas realizadas por outros paleontólogos, sendo classificado em uma família diferente. Ainda assim, a hipótese de ligação continental pode ser viável, tão longo ser possível analisar fósseis da mesma época no Continente Gelado, que ainda tem muito a revelar sobre o seu passado.

Uberabasuchus.jpg

Fig. 4: retirado de https://www.pinterest.co.uk/pin/388576274092232957/ (19/05/19, às 20:00 h)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CARVALHO, Ismar de Souza; RIBEIRO, Luis Carlos Borges; AVILLA, Leonardo dos Santos (2004). “Uberabasuchus terrificus sp. nov., a New Crocodylomorpha from Bauru Basin (Upper Cretaceous), Brazil”. Gondwana Research 7 (4): 975-1002.

 

AQUINO, Tiago Davi Vieira Soares de. "Vulgarização" do conhecimento científico: a importância da pesquisa sedimentológica do Grupo Bauru para o Museu dos Dinossauros em Peirópolis, MG. 2018. 1 recurso online (128 p.). Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP.

 

VASCONCELLOS, F. M. & CARVALHO, I. S. 2006 Condicionante Etológico na Tafonomia de Uberabasuchus terrificus (Crocodyliformes, Peirosauridae) do Cretáceo Superior da Bacia Bauru, In: BOLETIM DO SIMPÓSIO DO CRETÁCEO DO BRASIL, 7 - SIMPÓSIO DO TERCIÁRIO DO BRASIL, 1, Boletim de Resumos, Serra Negra, São Paulo, p.130.

 

RIBEIRO, Luiz Carlos Borges (2014). Geoparque Uberaba - Terra dos Dinossauros do Brasil. Tese de Doutoramento. Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Rio de Janeiro, 2014.

 

http://cienciahoje.org.br/a-fera-terrivel-de-minas-gerais/

 

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1702200501.htm

 

http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/331325

 

https://www.youtube.com/watch?v=iUJN1yf3E7E

 

https://www.youtube.com/watch?v=o2wE1NOBdNk

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