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Caupedactylus ybaka

O Caupedactylus foi um pterossauro brasileiro que viveu durante o Cretáceo. Quando voava, não eram os seus três metros de envergadura de assas que chamava atenção, mas a crista sob sua cabeça, usada, talvez, para que os machos atraíssem as fêmeas durante o acasalamento.  

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

ORDEM: PTEROSAURIA

SUBORDEM: PTERODACTYLOIDEA

SUPERFAMÍLIA: AZHDARCHOIDEA

FAMÍLIA: TAPEJARIDAE

SUBFAMÍLIA: TAPEJARINAE

GÊNERO: CAUPEDACTYLUS

ESPÉCIE: CAUPEDACTYLUS YBAKA

caupedactylus

Fig. 1: Arte de Fabrizio de Rossi, retirado de https://www.pteros.com/pterosaurs/caupedactylus.html

DESCOBERTA:

   Em 1989, durante o encontro da Sociedade Paleontológica de Vertebrados na cidade de Austin, nos Estados Unidos, o pesquisador Alexander Kellner mostrou, informalmente, ao seu colega Wann Langston Junior (1921-2013) o úmero fóssil de um pterossauro brasileiro, apontando para ele as semelhanças entre os tapejarídeos e o grupo dos Azhdarchidae, a qual ele teria respondido: “Oh, bem...talvez”. Naquela época, os tapejarídeos estavam começando a serem descritos no Brasil.

   O úmero, junto com partes do crânio, da mandíbula e outros restos pertenciam a um novo tipo de pterossauro, encontrado no estado do Ceará, entre Nova Olinda e Santana do Cariri, na região da Chapada do Araripe. Não existe muita informação do achado, mas deve ter ocorrido na década de 80, provavelmente por um leigo, e no final os fósseis acabaram no acervo Museu Nacional. Foram alguns anos até todos os elementos serem devidamente preparados e, em 2012, Alexander Kellner publicou um estudo sobre os fósseis, identificando-os como de uma nova espécie de pterossauro brasileiro e dando o nome de Caupedactylus. O artigo foi publicado em 2013, contendo um agradecimento de Alexander a Wann Langston, que também o havia incentivado a estudar fósseis de outras formações.

   O Caupedactylus era um animal adulto e, uma curiosidade sobre crânio dele é a presença de uma inflamação óssea, ou seja, o pterossauro estava doente quando morreu, embora não se possa dizer que tal enfermidade seja a causa.

Caupedactylus

Fig. 2: Crânio parcial e a mandíbula do Caupedactylus. Imagem retirada de Kellner 2013.

ETIMOLOGIA:

 

   O nome Caupedactylus é a junção de Caupé, deidade Tupi-guarani que costuma ser associada à beleza, com a terminação dactylus, palavra grega para dedo e comumente usada em nomes de pterossauros. Já o nome da espécie, ybaka, significa céu em tupi-guarani, em razão de se tratar de um réptil voador pré-histórico.

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Fig. 3: Fósseis encontrados do Caupedactylus, arte de Sassypaleonerd (adaptado) https://www.deviantart.com/sassypaleonerd/art/Caupedactylus-skeletal-818765294

O PTEROSSAURO:

   O pterossauro Caupedactylus possuía mais de três metros de envergadura de assas, com não mais que um metro de altura quando estava em solo. Ele possuía um bico fino, sem nenhum dente e, sob a cabeça, uma crista se destacava talvez usada para diferenciar machos e fêmeas, ou usadas para atrair parceiros. Como apenas um fóssil incompleto deste réptil voador foi encontrado, sendo representado por um adulto, ainda há certas dúvidas quanto ao formato da crista, o seu tamanho e se eram diferentes nos mais jovens. Ainda assim, da pra imaginar que ela fosse semicircular, abrangendo todo o crânio e se elevando um pouco no final da cabeça.

  O Caupedactylus era um réptil voador da família dos tapejarídeos, provavelmente o maior em tamanho já descoberto. São conhecidos por serem encontrados em sua maioria no Brasil, terem cristas desde a ponta do bico até o final da cabeça e não possuírem dentes. Levantou-se a hipótese sobre a dieta deles serem baseadas em plantas, porém, no caso do Caupedactylus, devido a um estudo ter demonstrado uma força maior na mordida, supõe-se que sua alimentação era onívora, comendo desde frutas, mariscos e até pequenos animais.

   Por ter sido encontrado nas imediações da Chapada do Araripe, provavelmente viveu durante o período Cretáceo, entre 125 e 100 milhões de anos atrás, durante as idades do Aptiano e Albiano. Nessa época, aquela região do Brasil estava encoberta pelo mar, águas do recém-nascido Oceano Atlântico, e eram povoadas por números tipos diferentes de peixes, que atraiam outras espécies de pterossauros como os Anhangueras. Também habitavam este território dinossauros como o Angaturama, predadores não só dos peixes, mas de qualquer pterossauro que estivesse em seu caminho.

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Fig. 4: Arte de Júlia d’Oliveira (adaptado), retirado de https://www.instagram.com/tupandactylus/

ALGUMAS DÚVIDAS:

 

   Os poucos fósseis do Caupedactylus deixaram dúvidas quanto à sua afinidade na família dos Tapejarídeos. Acontece que os pterossauros Tapejaras, os Thalassodromeus e Tupuxuaras são parecidos em alguns aspectos e, como Caupedactylus possui características próximas a esses grupos, foram necessários alguns anos a mais de estudos para determinar sua posição na árvore genealógica. Hoje, assim como Aymberedactylus, ele está incluído na subfamília Tapejarinae, por ter uma morfologia bem próxima a eles, embora com traços próximos aos Tupuxuaras.

    Aliás, já se foi discutido a possibilidade do pterossauro que atualmente não é uma espécie válida, o Tupuxuara deliradamus, ter sido descrito com alguns elementos pertencendo a um Caupedactylus. Como o fóssil desse tupuxuara foi adquirido através do comércio ilegal de fósseis brasileiros pelo Museu de Karlsruhe, na Alemanha, é provável que ele tenha sido adulterado, sendo formado com partes de diferentes pterossauros. Sem a devida preparação, esse tupuxuara pode ter sido batizado erroneamente com partes de um Caupedactylus.

   Seja como for, a semelhança desses pterossauros se deve ao parentesco que possuem, desde o bico fino desdentado, a crista sob a cabeça, terem vivido na mesma época e no mesmo local, a região costeira de um Brasil de 110 milhões de anos atrás.

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Fig. 5: Arte de Gabriel Ugueto (adaptado), retirado de https://twitter.com/SerpenIllus/status/1315641215807823872/photo/1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

Kellner, A. W. A. "A new unusual tapejarid (Pterosauria, Pterodactyloidea) from the Early Cretaceous Romualdo Formation, Araripe Basin, Brazil". Earth and Environmental Science Transactions of the Royal Society of Edinburgh. 103 (3–4): 1, 2013.

 

Silveira, B. Nova análise filogenética para o Clado Tapejaridae (Pterosauria). Trabalho de Conclusão de Curso, UNIPAMPA, 2019.

 

Canejo, L., et al. "Novel information on the cranial anatomy of the tapejarine pterosaur Caiuajara dobruskii." PloS one 17.12 (2022): e0277780.

 

Pêgas, R. V., Costa, F. R., & Kellner, A. W. Reconstruction of the adductor chamber and predicted bite force in pterodactyloids (Pterosauria). Zoological Journal of the Linnean Society, 193(2), 602-635, 2021.

 

https://zhejiangopterus.wordpress.com/2017/11/28/on-caupedactylus-and-tupuxuara-deliradamus/

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