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Pepesuchus deiseae

Durante o Cretáceo diversos tipos de répteis habitavam o território brasileiro, cada um com características bem distintas, como os dinossauros e pterossauros. Também havia os crocodilomorfos, grupo a qual o Pepesuchus deiseae fazia parte e que continha espécies adaptadas a ambientes aquáticos, semi-aquáticos e terrestres.    

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

CLADO: METASUCHIA

CLADO: NEOSUCHIA

SUBORDEM: NOTOSUCHIA

CLADO: ZIPHOSUCHIA

CLADO: SEBECIA

FAMÍLIA: ITASUCHIDAE

GÊNERO: PEPESUCHUS

ESPÉCIE: PEPESUCHUS DEISEAE

Fig. 1: Reconstrução de Pepesuchus, arte de Maurílio Oliveira.

DESCOBERTA:

 

     Fósseis do Pepesuchus foram encontrados em 2003 no estado de São Paulo, no Km 736 de uma antiga ferrovia que liga as cidade de Presidente Prudente e Pirapozinho, num sítio paleontológico nomeado de “Tartaruquito”, conhecido por conter dezenas de fósseis de uma tartaruga pré-histórica chamada de Bauruemys elegans. Foram descobertos restos de um único indivíduo com um esqueleto quase completo, contando com crânio, mandíbula, vértebras sacrais e caudais, junto com outros restos. Além deste material, outro fóssil de Pepesuchus, coletado anos antes por José Martin Suárez (cujo apelido era Pepe) e doado ao Museu de Ciências da Terra, na cidade do Rio de Janeiro, foi utilizado para descrever e batizar este espécime.

    O fóssil de Pepesuchus doado ao museu, que corresponde a um crânio quase completo, veio de Presidente Prudente, provavelmente também oriundo do sítio paleontológico “Tartaruguito”. Esta região pertence à Formação Presidente Prudente, dentro do Grupo Bauru, datado entre as idades Campaniana (entre 83,6 e 72,1 milhões de anos atrás) e Maastrichtiana (entre 72,1 a 66 milhões de anos atrás), final do Cretáceo. Pepesuchus deiseae foi batizado e apresentado no meio acadêmico em 2011 por uma equipe de paleontólogos.

     Entrementes, outro exemplar de Pepesuchus deiseae foi descoberto, porém na cidade de Catanduva, São Paulo. Ele foi coletado durante uma prospecção de fósseis nos quilômetros 216 e 217 da rodovia SP 351, próximo ao trevo que leva à cidade. Também Ibirá, município próximo, outros dois exemplares coletados foram atribuídos ao gênero Pepesuchus. É interessante notar que Catanduva e Ibirá distam mais de 300 Km do local da coleta do primeiro Pepesuchus.

 

 

ETIMOLOGIA:

     O nome Pepesuchus é uma homenagem a José Martin Suárez, apelidado de Pepe, que descobriu um exemplar do animal, além de ter contribuído com a paleontologia local. Já o nome da espécie, deiseae, é uma homenagem à Deise Dias Rêgo Henriques, paleontóloga que vem trabalhando e cuidando atenciosamente do acervo de fósseis do Museu Nacional.  

Fig. 2: Arte de Rafael Albo, retirado de http://3.bp.blogspot.com/-NW-mchN_xAE/UZGxDhYBEXI/ AAAAAAAAAyE/E6FncEvX0k8/s640/pepesuchus.jpg (03/03/2017 às 22:00). 

O ANIMAL:

 

     Pepesuchus foi um réptil que media 3 metros de comprimento, seu corpo e crânio eram muito semelhantes aos jacarés atuais, sendo que ele também possuía hábitos aquáticos. Tinha narinas e olhos adaptados para ficar acima da superfície da água, uma mandibular triangular com numerosos dentes. Deve ter vivido em rios e lagos, alimentando-se principalmente de peixes, tartarugas ou até de pequenos animais que passassem no seu caminho.

     Um fator interessante é que seus restos foram encontrados em diferentes pontos, indicando ele estar distribuído em um território amplo durante o tempo dos dinossauros. Também é possível que ele tenha vivido durante a idade Maastrichtiana, cerca de 70 milhões de anos atrás, pois datam deste período as rochas da Formação Adamantina, onde os outros indivíduos foram descobertos.

 

PEPE:

   José Martin Suárez, o Pepe, foi uma pessoa que muito contribui para pesquisas paleontológicas no Brasil. Espanhol, nascido em Sevilha, ele migrou para o Brasil em busca de trabalho e acabou estabelecido na região de Presidente Prudente. Lá desenvolveu interesse por estudos paleontológicos, tendo descoberto em 1969 uma nova espécie de tartaruga, identificou pela primeira vez o sítio “Tartaruguito” e auxiliou o famoso paleontólogo brasileiro, Ivo Price.

   Durante mais de 40 anos, Pepe coletou, trabalhou e identificou muitas espécies fósseis, tudo sem estudo especializado. Contribui enormemente com diferentes tipos de pesquisa na área até seu falecimento, em 2007. Seu legado dura até hoje, sendo amplamente reconhecido pela comunidade científica brasileira, ao ponto de seu nome batizar o Pepesuchus, animal que ele ajudou a descobrir. 

  

Fig. 3: fóssil do Pepesuchus, retirado de CAMPOS et. al. (2011). 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Campos, Diogenes A.; Gustavo R. Oliveira, Rodrigo G. Figueiredo, Douglas Riff, Sergio A.K. Azevedo, Luciana B. Carvalho and Alexander W.A. Kellner (2011). "On a new peirosaurid crocodyliform from the Upper Cretaceous, Bauru Group, southeastern Brazil". Anais da Academia Brasileira de Ciências 83 (1): 317–327.

 

IORI, F. V.; CARVALHO, I. S.; SANTOS, E. F.; DORO, L. F.; ARRUDA CAMPOS, A. C.. Ocorrência de Pepesuchus deiseae (Crocodyliforme) no Município de Catanduva, Estado de São Paulo (Bacia Bauru, Cretáceo Superior). In: XXII Congresso Brasileiro de Paleontologia, 2011, Natal - RN. Paleontologia: Caminhando pelo tempo, 2011. v. 1. p. 728-730.

 

IORI, F. V. ; CARVALHO, I. S.; FERNANDES, M. A.; GHILARDI, A. M.. Primeira ocorrência de Peirosauridae no município de Ibirá, estado de São Paulo (Bacia Bauru, Cretáceo Superior). In: XXII Congresso Brasileiro de Paleontologia, 2011, Natal - RN. Paleontologia: Caminhando pelo tempo, 2011. v. 1. p. 736-738.

 

http://www.unesp.br/cpa/noticia.php?artigo=6746

 

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/03/novidades-na-fauna-pre-historica-brasileira

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