DINOSSAUROS & AFINS
Kariridraco dianae
O Kariridraco foi um pterossauro de um metro de altura, por uns três metros de envergadura de assas, além de uma crista sobre a cabeça. Ele viveu durante o Cretáceo na região nordeste brasileira, quando a América do Sul estava se separando da África, isolando estes animais e os tornando exclusivos do Brasil.
CLASSIFICAÇÃO:
FILO: CORDADO
CLASSE: REPTILIA
ORDEM: PTEROSAURIA
SUBORDEM: PTERODACTYLOIDEA
SUPERFAMÍLIA: AZHDARCHOIDEA
FAMÍLIA: TAPEJARIDAE
SUBFAMÍLIA: THALASSODROMINAE
GÊNERO: KARIRIDRACO
ESPÉCIE: KARIRIDRACO DIANAE
Fig. 1: Arte de Júlia d’Oliveira, imagem retirada de Cerqueira et. al. (2021).
DESCOBERTA:
Os fósseis de um pterossauro desconhecido foram entregues ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, na cidade de Santana do Cariri, estado do Ceará, por moradores da região. Ele não estava completo e foi guardado na coleção para ser estudado no futuro.
Por indicação de Plácido Nuvens, o diretor do museu, paleontólogos iniciaram um estudo mais aprofundado para identificar o novo réptil alado. Infelizmente, Plácido Nuvens jamais viu o resultado da pesquisa, pois faleceu em 2016. A demora no estudo se deu devido ao fato do fóssil ter sido modificado para parecer mais belo aos olhos de leigos, sendo que isto deve ter ocorrido um tempo antes do material ser entregue à coleção.
Com a devida preparação e um estudo envolvendo cinco pesquisadores de diferentes universidades brasileiras, foi possível identificar o novo pterossauro como parente dos Thalassodromeus, repteis voadores típicos e, praticamente, exclusivos do Brasil, com cristas ósseas sob a cabeça. No caso do Kariridraco não se sabe como era a crista, já que apenas parte da mandíbula foi preservada, bem como algumas vértebras. Ainda assim, em 2021 foi possível apresentar esta nova espécie ao público, incrementando ainda mais o conhecimento sobre pterossauros brasileiros.
ETIMOLOGIA:
O nome do gênero Kariridraco é a junção da palavra latina draco que significa dragão, com a palavra Kariri, um referência ao povo que detinha este nome e morava na região no passado, bem como uma alusão a palavra Cariri, que designa a cidade e diversos outros nomes na região. O nome da espécie é dianae em referência a identidade secreta da personagem em quadrinhos Mulher Maravilha, Diana Prince. A razão de se utilizar tal nome para batizar um pterossauro não foi esclarecida, mas provavelmente era intenção dos autores chamarem a atenção do público e da impressa.
Fig. 2: Mandíbula do Kariridraco, imagem retirada de Cerqueira et. al. (2021).
O PTEROSSAURO:
O Kariridraco media um metro de altura, por três metros de envergadura de assas, com uma boca longa, desdentada, um bico fino e, provavelmente, uma crista óssea sobre a cabeça. Não se sabe ao certo do que se alimentava, mas a mordida poderosa deste grupo coloca em sua dieta ou em carnívoras, alimentando-se de pequenos animais, ou herbívora, comendo os frutos daquela época. Apenas com mais estudos poderemos ter mais certeza deste fato.
Analisando seus restos constatou-se sua origem: a Chapada do Araripe, na Formação Romualdo, tendo vivido no Período Cretáceo, entre 113 e 125 milhões de anos atrás, na idade do Aptiano. Naquela época o Ceará era banhado pelo recém-nascido Oceano Atlântico e suas águas adentravam toda a região, formando um ecossistema rico em pterossauros e dinossauros dos mais variados. Ao que tudo indica a família do Kariridraco, os tapejarídeos, deve ter se originado no Brasil, numa época que ele pertencia ao continente da Gondwana, e o ramo dos thalassodromeus deve ter sido exclusivo daquela região.
Os pterossauros como o Kariridraco talvez passassem mais tempo ao solo, colhendo alimentos, e adentro do continente, diferente de outros pterossauros que passavam a maior parte da sua vida no mar, planando e mergulhando no oceano atrás de peixes. Devido a sua idade, ele talvez seja um dos ancestrais dos Tupuxaras que surgiriam alguns milhões de anos depois, indicando o quão adaptados estes animais estavam no ecossistema e na convivência com outros animais, como os dinossauros daquele tempo.
Fig. 3: Arte de Gabriel N. Ugueto, disponível em https://gabrielugueto.com/
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Cerqueira G. M., Santos M. A., Marks MF, Sayão J. M., Pinheiro F. L. (2021). "A new azhdarchoid pterosaur from the Lower Cretaceous of Brazil and the paleobiogeography of the Tapejaridae". Acta Palaeontologica Polonica. 66. (3): 555-570.