DINOSSAUROS & AFINS
Aymberedactylus cearensis
O Aymberedactylus foi um pterossauro que viveu no Brasil a milhões de anos atrás, durante o Período Cretáceo. Desdentado, este réptil voador possuía uma crista na parte superior da cabeça, traço característico dos tapajerídeos, usada talvez para identificação ou nos momentos do acasalamento.
CLASSIFICAÇÃO:
FILO: CORDADO
CLASSE: REPTILIA
ORDEM: PTEROSAURIA
SUBORDEM: PTERODACTYLOIDEA
SUPERFAMÍLIA: AZHDARCHOIDEA
FAMÍLIA: TAPEJARIDAE
SUBFAMÍLIA: TAPEJARINAE
GÊNERO: AYMBEREDACTYLUS
ESPÉCIE: AYMBEREDACTYLUS CEARENSIS
Fig. 1: arte de Joschua Knüppe, retirado de https://www.pteros.com/pterosaurs/aymberedactylus.html (25/10/18 às 12:30).
DESCOBERTA:
O fóssil que permitiu a identificação desta nova espécie de pterossauro consiste em uma mandíbula quase completa, que pertence a coleção do Museu Nacional. Ele foi recebido, junto com outros, através de uma doação anônima de um paleontólogo em determinada época, também não identificada. A origem do fóssil era a Formação Crato, localizada no Nordeste Brasileiro, mais provavelmente alguma pedreira próxima à cidade de Nova Olinda, no estado do Ceará.
O material foi estudado por diferentes pesquisadores que logo perceberam se tratar de um novo réptil alado da família dos tapajerídeos, que já são bem conhecidos dos pesquisadores brasileiros. Aymberedactylus pertencia à mesma subfamília de pterossauros como Tapejara, Tupandactylus, Caiuajara e Europejara, porém com características bem mais primitivas. Estavam diante de um material muito valioso para explicar como se deu a evolução desse grupo encontrado, em sua maioria, no território do Brasil.
Um artigo científico apresentando oficialmente o animal à ciência ocorreu em 2016, sendo assinado por Rodrigo Vargas Pêgas, Maria de Castro Eduarda Leal e Alexander Kellner. Outros pesquisadores também auxiliaram com dicas e correções do trabalho.
ETIMOLOGIA:
O nome Aymberedactylus é a junção da palavra Tupi Aymbere, que significa lagarto pequeno, e a palavra grega dactylus que significa dedo e é comumente utilizada como sufixo de diversos pterossauros ao serem nomeados. O nome da espécie, cearensis, é uma homenagem ao estado brasileiro de origem do fóssil, o Ceará.
O PTEROSSAURO:
O material fóssil que permitiu a identificação do Aymberedactylus consiste unicamente na sua mandíbula. Sua crista acabou por não ser preservada e sua aparência acabou por ser difícil de determinar. Até mesmo a imagem acima (Figura 1) é apenas uma representação possível do pterossauro, baseado também em outros parentes seus que são mais conhecidos pela ciência. Infelizmente, seu fóssil estava no Museu Nacional, na cidade do Rio de Janeiro e, após o incêndio, não há notícias de seu paradeiro ou se conseguiu sobreviver às chamas.
Isto não diminuiu ou invalida o espécime, visto que fósseis raramente são encontrados completos e muito poucos seres vivos deixaram vestígios seus na Terra. Além do mais, Aymberedactylus tem características muito primitivas em relação aos seus parentes, sendo ele uma dos mais antigos Tapejarídeos descobertos até então. Ele possuía uma mandíbula comprida e com uma curvatura suave, em contra partida outras espécies tinham uma mandíbula curta e curva.
Acredita-se que a alimentação de pterossauros tapejarídeos era frutívora, porém o bico do Aymberedactylus não era adequado para ele colher frutas ou pegá-las. De fato, seu bico é semelhante ao Thalassodromaeus, pterossauro cuja a família é próxima aos Tapejarídeos. Mais fósseis e estudos podem indicar como se deu a evolução desses grupos de pterossauros, quase exclusivos do território brasileiro, tanto no aspecto morfológico quanto ao nicho ecológico que habitavam.
Os paleontólogos estimam que a envergadura de assas do Aymberedactylus media em torno de 2 metros de comprimento e sua altura quase de um metro. Ele habitou a região nordeste do Brasil no momento que lá havia um imenso lago de água doce, ligada ao recém-nascido Atlântico Sul, com a idade estimada do Albiano ao Aptino, entre 125 a 100 milhões de anos atrás, no início do Período Cretáceo.
Fig. 2: Vista dorsal, vista ventral e visão lateral direita da mandíbula, respectivamente. Imagem adaptada do artigo original - Pêgas, Leal, Kellner 2016.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
PÊGAS, R.V.; LEAL, M.E.d.; KELLNER, A.W.A. (2016). "A Basal Tapejarine (Pterosauria; Pterodactyloidea; Tapejaridae) from the Crato Formation, Early Cretaceous of Brazil". PLOS ONE. 11 (9): e0162692. doi:10.1371/journal.pone.0162692
https://www.pteros.com/pterosaurs/aymberedactylus.html