DINOSSAUROS & AFINS
Guarinisuchus munizi
O Guarinisuchus munizi foi um réptil marinho que viveu no litoral nordestino do Brasil, se alimentava de peixes, crustáceos e outros animais marinhos. Ele deve ter sido um importante predador do seu habitat, pertencendo a uma família de répteis sobreviventes à grande extinção em massa que ocorreu no final do Cretáceo.
CLASSIFICAÇÃO:
FILO: CORDADO
CLASSE: REPTILIA
SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA
CLADO: CROCODYLIFORME
CLADO: MESOEUCROCODYLIA
CLADO: METASUCHIA
CLADO: NEOSUCHIA
SUBORDEM: TETHYSUCHIA
FAMÍLIA: DYROSAURIDAE
GÊNERO: GUARINISUCHUS
ESPÉCIE: GUARINISUCHUS MUNIZI
Fig. 1: Nobu Tamura/ Wikimedia Commons – CC BY 3.0 em http://img1.wikia.nocookie.net/__cb20140710022754/dinosaurs/images/f/f5/Guarinisuchus_munizi.jpg (retirado às 13:20, 20/06/2015).
DESCOBERTA:
Os restos do Guarinisuchus foram descobertos no estado de Pernambuco, no município de Paulista, numa pedreira de pedra calcária chamada Poty, que fica na Formação Maria Farinha, da Bacia Paraíba. O local é conhecido por apresentar fósseis marinhos de animais que viveram entre 68 e 62 milhões de anos atrás, sendo que os restos do Guarinisuchus são datados do Daniano entre 61 e 62 milhões de anos.
O material pertence a um indivíduo subadulto, tendo sido encontrados o crânio, dentes, mandíbula, ulna, vértebras caudais, costelas e partes do escudo dérmico (pele que reveste o animal). Os restos foram estudados e apresentados à ciência no ano de 2008 por José Antonio Barbosa, Alexander Kellner e Maria Somália Sales Viana.
ETIMOLOGIA:
O nome Guarinisuchus é uma junção da palavra guarini, que em tupi significa “guerreiro”, e a palavra grega suchus, que significa “crocodilo”. Já munizi é uma homenagem a Geraldo da Costa Barros Muniz, importante pesquisador e pioneiro na coleta de fósseis da região.
LIMITE K-PG:
A Pedreira Poty apresenta sedimentos mostrando a transição do período Cretáceo (K) ao período Paleógeno (Pg), na qual ocorreu a grande extinção em massa que eliminou os dinossauros, pterossauros e outros animais da Era Mesozoica. Esta extinção aconteceu por volta de 65 milhões de anos atrás, provavelmente devido à queda de um asteroide na Terra, além de um possível aumento de vulcanismo, que causaram juntos mudanças drásticas no clima e no ecossistema daquela época.
Os fósseis da pedreira mostram claramente a mudança de fauna: durante o Cretáceo quando a região era um mar profundo, havia grandes tubarões, pelos menos três espécies de mosassauros, plesiossauros (répteis marinhos de pescoço longo), diferentes tipos de peixes, amonitas entre outros. No Paleógeno, durante o Daniano (período entre 66 e 61 milhões de anos), a região era um mar um pouco mais raso, sem nenhuma evidência de mosassauros, plesiossauros ou amonitas, mas com diversos tipos de peixes que já existiam no Cretáceo, tartarugas, tubarões pequenos e o Guarinisuchus.
Fig. 2: retirado de http://detetivesdopassado.colecionadoresdeossos.com/2014/03/guarinisuchus-o-guerreiro-dos-mares.html, Arte de André Pinheiro (retirado às 13:25, 20/06/2015).
O ANIMAL:
O Guarinisuchus era do grupo dos dirossaurídeos, répteis marinhos com aparência de crocodilos, porém adaptados para a vida no mar. Ele tinha cerca de 3 metros de comprimento, alimentava-se de peixes, crustáceos e outros animais marinhos, além de bem ágil e dinâmico no mar, como as focas atuais. Possuía membranas entre as garras e rabo adaptado ao nado. Embora pequeno em relação a outros animais da mesma família, ele foi naquele tempo um dos maiores predadores da costa brasileira.
Os dirossaurídeos foram animais marinhos que surgiram no Cretáceo e sobreviveram à extinção em massa que acabou com os dinossauros, tendo substituído predadores como o mosassauros e se espalhado por todo o mundo. O Guarinisuchus, inclusive, recebeu o nome de “guerreiro” justamente por seu grupo ter sobrevivido à extinção.
Outros fósseis encontrados, pertencentes à Guarinisuchus de idades diferentes, mostraram como era o seu crescimento ao longo da vida: ele crescia mais rápido quando a temperatura do mar era mais elevada, como no verão, e crescia menos em tempos mais frios, como no inverno. Isto difere da biologia dos crocodilomorfos atuais, que tem um crescimento contínuo e não afetado pelo clima.
Fig. 3: Partes do crânio e da mandíbula de Guarinisuchus. Imagem retirada do artigo original (Barbosa et. al, 2008).
DISPERSÃO:
Durante o tempo dos dinossauros os dirossaurídeos não se destacavam muito, porém depois do final do Cretáceo eles se espalharam pelo globo. Uma rota possível que esse grupo utilizou foi atravessar o litoral norte da África, ou então passar pelo braço de mar que existia no meio daquele continente, chegando assim até o nordeste brasileiro, que era bem próximo. Daqui eles provavelmente dirigiram-se até a América do Norte. Uma evidência a este fato é o parentesco próximo do Guarinisuchus com as espécies africanas Arambourgisuchus khouribgaensis, Rhabdognathus aslerensis e Rhabdognathus keiniensis.
Fig. 4: Possível rota migratória dos dirossaurídeos. Imagem retirada do artigo original (Barbosa et. al, 2008).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Barbosa, J. A. et al. (March 2008). "New dyrosaurid crocodylomorph and evidences for faunal turnover at the K–P transition in Brazil". Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 275 (1641): 1385–91
http://detetivesdopassado.colecionadoresdeossos.com/2014/03/guarinisuchus-o-guerreiro-dos-mares.html