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Austroposeidon magnificus

O Austroposeidon foi um dos maiores dinossauros a viver no Brasil, com seus 25 metros de comprimento e altura ideal para alcançar o topo das árvores. Naquela época, o clima semiárido brasileiro não impedia este animal de sobreviver, além de que nenhum dinossauro carnívoro era páreo contra este pescoçudo de 30 toneladas.

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: DINOSAURIA

ORDEM: SAURISCHIA

SUBORDEM: SAUROPODOMORPHA

INFRAORDEM: SAUROPODA

CLADO: TITANOSAURIA

GÊNERO: AUSTROPOSEIDON

ESPÉCIE: AUSTROPOSEIDON MAGNIFICUS

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DESCOBERTA:

 

  O ano era 1953 e o pesquisador Llewellyn Ivor Price continuava a prospectar atrás de fósseis pelo Brasil, aproveitando as construções de rodovias e estradas que removiam o solo. Nas proximidades da cidade de Presidente Prudente, estado de São Paulo, nas obras da atual Rodovia Raposo Tavares (BR-374), perto da Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425), Ivor Price localizou fósseis de dinossauros e promoveu seu resgate, visto que alguns ossos já haviam sido perdidos ou destruídos pelos trabalhos que aconteciam. Foram recolhidas duas vértebras cervicais, uma costela cervical, uma vértebra dorsal, sete vértebras dorsais, um fragmento de vértebra sacral, sendo mais tarde enviadas ao acervo do Museu de Ciências da Terra, no Rio de Janeiro.
   Por mais de 50 anos os fósseis ficaram guardados, identificados como “ossos de um grande dinossauro”, sem estudos ou melhores preparações, até que a paleontóloga Kamila Luísa Nogueira Bandeira, durante o seu mestrado, os redescobriu e iniciou um processo para descrição do dinossauro, liderando uma equipe de pesquisadores brasileiros. Uma inovação do trabalho realizado por eles foi a utilização de tomografias computadorizadas para melhor entender a espécie, sendo isto algo inédito para dinossauros brasileiros. Também tentaram localizar o local da descoberta para identificar mais fósseis, porém a região hoje em dia esta totalmente urbanizada.
   Os fósseis pertenciam a uma nova espécie de saurópode de tamanho colossal, superior a de outros do mesmo grupo. Talvez fosse o maior dinossauro brasileiro, sendo muito semelhante aos gigantes pescoçudos que habitaram a Argentina no passado. Por conseguinte, em 2016, a pesquisadora Kamila Bandeira, com o apoio de mais cinco paleontólogos, descreveu e batizou o Austroposeidon, identificando-o como o maior dinossauro brasileiro.
   Em 2022, Kamila Bandeira com outros pesquisadores, analisaram novamente os fósseis do Austroposeidon, comparando com outros dinossauros brasileiros do mesmo grupo para melhor entender como se dava seu crescimento, visto que eles sofriam de grande estresse de alimentação, devido ao clima mais seco e quente durante o final do Cretáceo nas proximidades da Bacia Bauru.    

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Fig. 2: arte de Mario Lanzas (adaptado), retirado de https://www.deviantart.com/mariolanzas/art/AUSTROPOSEIDON-927243728

ETIMOLOGIA:

 

    O dinossauro foi batizado de Austroposeidon com a junção da palavra “austro”, em referência à porção sul do planeta, local da descoberta do saurópode, com o nome da divindade grega Poseidon, causador de terremotos, em alusão ao tamanho e peso desse dinossauro. O nome da espécie, “magnificus”, em Latim significa grande, elevado, ou seja, magnifico, devido ao seu enorme tamanho.
 Austroposeidon também recebeu este nome em homenagem a outro dinossauro, o também saurópode Sauroposeidon, um dos maiores dinossauros a habitar a América do Norte há 110 milhões de anos atrás. Segundo a paleontóloga Kamila Bandeira, tal homenagem estaria incluída no artigo original de descrição da espécie, mas foi omitido porque a banca avaliadora não a considerou relevante. Mesmo assim, Austroposeidon foi devidamente batizado como o gigante dinossauro do sul.

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Fig. 3: Kamila Bandeira ao lado de fóssil do Austroposeidon, retirado de https://twitter.com/sedismutabilis/status/1526630889580527618.

O DINOSSAURO:

 

   O Austroposeidon foi um dinossauro quadrúpede, com patas parecidas com as de elefante que sustentavam seu enorme peso, um pescoço longo que auxiliava o réptil a alcançar as folhas das árvores, e uma longa cauda para equilíbrio do seu corpo, além de ajudar na defesa contra predadores. No entanto, com 25 metros de comprimento e pesando até 30 toneladas, nenhum animal seria capaz de atacar diretamente um adulto sem sofrer danos consideráveis. De fato, apenas quando filhote, o Austroposeidon deveria estar vulnerável aos carnívoros daquele tempo. Mesmo assim, estes pacíficos herbívoros viviam em bandos, protegendo os filhotes, os mais velhos e os doentes, pastando nas florestas daquele tempo.
  Os fósseis dele foram encontrados na Formação Presidente Prudente, datada no final do período Cretáceo, entre as idades do Campaniano e Maastrichtiano que estão entre 83,6 e 66 milhões de anos atrás. Provavelmente, o Austroposeidon viveu a 70 milhões de anos, numa época que o Brasil era bem diferente, com um clima semiárido, de altas temperaturas, com chuvas apenas em certas estações do ano. Para sobreviver, o habitat do Austroposeidon deveria contar com lagos e rios que sobreviviam as secas e mantinham abundantes florestas, aos quais estes animais aproveitavam. Também conviveram com outros dinossauros saurópodes, dinossauros carnívoros abeliossaurídeos, crocodilomorfos tanto herbívoros quanto carnívoros, além de outras tantas criaturas que estão sendo descobertas a cada novo estudo realizado na região. 
 A descoberta do Austroposeidon respondeu a uma dúvida quanto aos grandes saurópodes, que existiram na Argentina e, até então, pareciam ser raros no território brasileiro. Agora sabemos que estavam lá e competiam de tamanho e peso com outros grandes dinossauros do antigo continente da Gondwana. 

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Fig. 4: arte de Guilherme Gehr, retirado de https://faunanews.com.br/austroposeidon-guilherme-gehr/.

UM DOS MAIORES DINOSSAUROS BRASILEIROS:

 

   O Austroposeidon fora divulgado como o maior dinossauro brasileiro até então pelos jornais e mídias sócias, contudo, com seus 25 metros de comprimento, ele não superou o Uberabatitan, que chegava aos 30 metros da cabeça à cauda. No entanto, nas várias reconstruções artísticas do Austroposeidon, nota-se que ele é apresentado com um soerguimento de seu pescoço, alcançado quase 6 metros de altura, bem acima dos 3 metros estipulados ao Uberabatitan. 
   Poucos fósseis do Austroposeidon são conhecidos, enquanto do Uberabatitan se descobriu restos de até cinco indivíduos diferentes, o que indicaria que este último talvez fosse o maior dinossauro brasileiro. Ainda assim, importante ressaltar que ambos viveram em épocas diferentes, além de que por altura e peso o Austroposeidon talvez ganhasse a disputa. Outro ponto está no fato da pesquisa de 2022 identificar o Austroposeidon como juvenil, ou seja, talvez ele pudesse crescer mais ainda.
  Seja como for, na mesma região foram descobertos os dinossauros Brasilotitan e Gondwanatitan, ambos saurópodes, porém de tamanhos menores. Talvez o Austroposeidon fosse o gigante daquela região, abocanhando os topos das árvores, enquanto que seus parentes distantes ficavam com as vegetações mais rasteiras. 

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Fig. 5: Comparação de tamanho, do menor ao maior, Gondwanatitan, Maxakalissauro e Austroposeidon. Arte de divulgação do Museu Nacional

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

Bandeira, K. L. N; Simbras, F. M.; Machado, E. B.; Campos, D. A.; Oliveira, G. R.; Kellner, A. W. A. A new giant Titanosauria (Dinosauria: Sauropoda) from the Late Cretaceous Bauru Group, Brazil. PlosOne, V. 11, n. 10, p. 1-25, 2016.

Arthur S. Brum, Kamila L. N. Bandeira, Juliana M. Sayão, Diogenes A. Campos, Alexander W. A. Kellner, Microstructure of axial bones of lithostrotian titanosaurs (Neosauropoda: Sauropodomorpha) shows extended fast-growing phase, Cretaceous Research, V. 136, 2022, 105220, ISSN 0195-6671.

 

https://siteantigo.faperj.br/?id=3281.2.5 

 

https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/10/pesquisadores-anunciam-descoberta-do-maior-dinossauro-do-brasil.html

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