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Eocaiman itaboraiensis

Este pequeno jacaré é um dos mais antigos crocodilianos a habitar o Brasil logo após a extinção dos dinossauros. Ele já era fisicamente muito parecido com os jacarés modernos, tendo vivido em ambientes aquáticos como lagos e rios.        

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

CLADO: METASUCHIA

CLADO: NEOSUCHIA

CLADO: EUSUCHIA

ORDEM: CROCODYLIA

SUBORDEM: BREVIROSTRES

SUPERFAMÍLIA: ALLIGATORIDEA

FAMÍLIA: ALLIGATORIDAE

SUBFAMÍLIA: CAIMANINAE

GÊNERO: EOCAIMAN

ESPÉCIE: EOCAIMAN ITABORAIENSIS

Eocaiman 1.jpg

Fig. 1: Arte de Trent Redmond, retirado de https://www.deviantart.com/trentredmon/art/Caiman-DRAWING-678292813 (retirado 22/09/21, às 20:00 h).

DESCOBERTA:

 

   O primeiro espécime de Eocaiman a ser descoberto foi descrito em 1933, pelo paleontólogo estadunidense George Gaylord Simpson (1904 – 1984), baseando-se em um fóssil da coleção do Museu Americano de História Natural em Nova Iorque, coletado na Argentina, na província Chubut. Ao longos dos anos mais indivíduos da espécie foram encontrados, ao ponto de que uma nova espécie da Colômbia foi descrita em 2007.

    Enquanto isso no Brasil, mais especificamente a partir da década de 40, prospecções de fósseis foram realizadas na cidade de São José do Itaboraí, no estado do Rio de Janeiro, sendo identificado uma grande variedade de animais pré-históricos, em especial mamíferos de uma época após a extinção dos dinossauros. Entre esses fósseis, restos crocodilianos também foram coletados e já previamente identificados ao gênero Eocaiman por autores como Ivor Price e Diógenes Campos, ainda na década de 70.

    Na época, tais fósseis não foram devidamente trabalhados, algo que ocorreria apenas em 2011, quando um financiamento de 8 mil reais dado ao Museu de Ciência da Terra (Rio de Janeiro), permitiria um estudo mais detalhado. O próprio Diógenes Campos, com seus colegas André Pinheiro, Daniel Fortier, Diego Pol e Lílian Bergqvist, preparam três fósseis incompletos da mandíbula do Eocaiman e perceberam se tratar de um novo indivíduo da espécie Eocaiman, que foi apresentado à público em 2013.

    Ele seria a terceira espécie do gênero a ser descrita, mostrando que este grupo estava bem espalhado pela América do Sul. Os fósseis foram coletados, conforme registros antigos, na zona rural da cidade São José do Itaboraí, mais especificamente na fazenda São José. Este seria o segundo crocodilomorfo descrito na região, sendo o primeiro o grande predador Sahitisuchus.  

 

 

ETIMOLOGIA:

 

   O nome Eocaiman foi cunhado para a primeira espécie argentina por George Simpson, porém ele não deixou registrado o significado. Eu suponho que ele tenha juntado a palavra grega eós, que significa alvorecer ou despertar, e caiman que é o nome comum dados a alguns tipos de jacarés. Provavelmente ele quis dar o significado de este ser o primeiro caiman a surgir, a “despertar” no mundo.  Por outro lado, o nome da espécie brasileira é itaboraiensis, em homenagem à Bacia de Itaboraí, nome do estrato geológico da sua descoberta.

Eocaiman fossil.jpg

Fig. 2: Fósseis de dois indivíduos brasileiros de Eocaiman, adaptado de Pinheiro et. al., 2013.

O ANIMAL:

 

   O Eocaiman brasileiro se pareceria muito com uma jacaretinga atual, vivendo em lagos e rios da época e se alimentando de pequenos peixes, anfíbios ou qualquer pequeno animal que atravessassem seu caminho. Ele deveria medir no máximo uns 50 centímetros de comprimento, muito menor que seus parentes argentinos e colombianos. Ainda assim, fisicamente ele era igual a jacarés modernos, especialmente com um focinho longo e achatado, além de arrastar seu corpo no solo.

    Ele viveu durante o Período Paleogeno, entre 58,2 a 56,5 milhões de anos atrás, na época do Paleoceno, durante a idade do Itaboraiano, criada para homenagear a própria Bacia de Itaboraí. Naquela época a América do Sul ainda tinha ligação terrestre com a Antártida, o clima era semiárido em contraste com chuvas torrenciais que aconteciam em determinados meses do ano. Por esta razão, estipula-se que o pequeno tamanho do Eocaiman brasileiro se deve as secas constates, algo também observado em fósseis de cobras da época, embora ainda não estudados a fundo.

    O fato de Eocaimans terem se espalhado por toda a América do Sul tão logo os dinossauros desapareceram, pode indicar que estes répteis estavam muito bem adaptados ao ambiente aquático daquele tempo. Um grande reflexo disso pode ser visto ainda hoje, já que esta família de crocodilomorfos ainda faz parte dos ecossistemas brasileiros, quase não se modificando nos milhões de anos que se passaram, fazendo deles verdadeiros fósseis vivos.  

Eocaiman 2.jpg

Fig. 3: Arte de Roger Hall, retirado de https://www.deviantart.com/rogerdhall/art/Yacare-Caiman-579211722 (retirado 22/09/21, às 20:00 h).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

André E. P. Pinheiro, Daniel C. Fortier, Diego Pol, Diógenes A. Campos & Lílian P. Bergqvist (2013): A new Eocaiman (Alligatoridae, Crocodylia) from the Itaboraí Basin, Paleogene of Rio de Janeiro, Brazil, Historical Biology: An International Journal of Paleobiology, 25:3, 327-337.

 

https://memoria.ebc.com.br/tecnologia/2014/01/paleontologos-apresentam-mais-antiga-especie-de-reptil-descrita-no-estado-do-rio

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