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Purussaurus brasiliensis

Com mais de 12 metros de comprimento e um peso de 8 toneladas, o Purussaurus brasiliensis está entre os maiores crocodilianos que existiram. Habitante de terrenos pantanosos e grandes lagos, seu tamanho colossal o mantinha no topo da cadeia alimentar, já que nenhum predador rivalizava com ele.    

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

CLADO: METASUCHIA

CLADO: NEOSUCHIA

SUBORDEM: EUSUCHIA

FAMÍLIA: ALLIGATORIDAE

SUBFAMÍLIA: CAIMANINAE

GÊNERO: PURUSSAURUS

ESPÉCIE: PURUSSAURUS BRASILIENSIS

Fig. 1: retirado de https://i.ytimg.com/vi/cV6VoikpuTk/maxresdefault.jpg, arte de Max Res  (retirado às 18:06, 10/09/2017). 

DESCOBERTA

 

  Descrito pela primeira vez a mais de 100 anos, o Purussauro é conhecido da ciência há muito tempo, chamando a atenção o seu tamanho colossal. O primeiro registro da espécie se deu no ano de 1892, através de texto publicado por João Barbosa Rodrigues em nome do Museu Botânico do Amazonas (atualmente extinto). Nesta publicação, escrita em francês, o autor descreve o achados de fósseis répteis ao longo do Rio Purus, no Acre, e em outras localidades, depois de ter sido feito uma expedição pela região.

  João Barbosa Rodrigues era botânico nascido no ano de 1842 em São Gonçalo do Sapucaí, Minas Gerais, mas criado no Rio de Janeiro. Tornou-se um grande aventureiro devido a seu interesse por plantas e insetos. Durante o reinado de Dom Pedro II, aventurou-se em uma expedição pela Amazônia (entre 1872 e 1875), na qual coletou e catalogou muitas espécies de plantas. Por esse motivo, foi nomeado o diretor do Museu Botânico do Amazonas, quando este foi criado através de patrocínio pela Princesa Isabel em 1883.

  Em 1892, com o lançamento do livro “Contribuições do Museu Botânico do Amazonas”, não foi somente descrito o Purussaurus, mas também se apresentou um contemplado detalhado da botânica da Amazônia, detalhes de outros fósseis, descrições paleontológicas e antropológicas, descrição de grupos indígenas, detalhes do acervo do Museu e do Regimento Interno. Escrito em língua portuguesa e francesa, este livro foi quase totalmente escrito por João Barbosa. Com o fim do museu, parte do material se perdeu, inclusive os fósseis do Purussaurus, que provavelmente foram para Itália, doados a parentes de cientistas do Museu.

  Restos de Purussaurus tem sido identificados desde então e são tantos que já se sabe muito a respeito deste jacaré gigante. Fósseis de diversas espécies de animais já foram identificados no Acre e hoje os cientistas sabem como era a fauna da região e o clima naqueles tempos pré-históricos. A maioria desses achados ocorre nas encostas de rios do estado na época da seca, quando estão mais baixos e permitem resgates paleontológicos. De fato, o próprio rio escava o solo e faz aparecer dezenas de fósseis nas encostas, permitindo que paleontólogos e a população local tenha acesso fácil. Muitos restos atualmente estão aos cuidados de particulares e do Museu da Universidade Federal do Acre.

 

 

ETIMOLOGIA

  O nome Purussaurus é a junção da palavra Purus, que faz referência ao Rio Purus do Acre onde os primeiros fósseis da espécie foram encontrados, e a palavra saurus que significa réptil em grego. O nome da espécie é brasiliensis por ter sido descoberto no Brasil.

Fig. 2: retirado de  http://spinops.blogspot.com.br/2012/06/purussaurus-brasiliensis.html?q=purussaurus, Arte de Nobu Tamura (retirado às 17:00, 11/09/2017). 

MORDIDA PODEROSA

  Estima-se que sua mordida tinha força aproximada de 7 toneladas (69.000 Newtons), graças ao formato de seu crânio: curto, com um formato robusto, largo e com narinas grandes que dissipava muito mais o impacto gerado por uma dentada, sem prejuízo ao animal. Então ele podia atacar animais maiores com muito mais eficiência, colocando ele como o predador topo da cadeia alimentar daquele ecossistema.

  Comparando com outros crocodilos gigantes do passado como o Sarcosuchus (11 metros de comprimento), que tinha uma boca bem mais fina como um Gavial e viveu no Cretáceo, observa-se como o formato do crânio faz a diferença para o animal no nicho ecológico. Embora quase do mesmo tamanho, Sarcosuchus se alimentava de peixes e outros animais de pequeno e médio porte, porque não tinha força o bastante para abocanhar uma presa menor. Seu crânio não dissipava tanto a tensão de uma mordida. Purussaurus, por outro lado, conseguia abocanhar e arrastar presas muito maiores e mais pesadas devido à resistência do seu crânio. Isso permitia que se alimentasse de diversas presas, mantendo-o como predador mais importante daquele ecossistema.

 

 

O ANIMAL

  Até o momento são conhecidos três espécies de Pururssaurus, porém a maior de todas elas foi o Purussaurus brasiliensis. Um estudo realizado por uma equipe de paleontólogos brasileiros, com base em dados de regressão e do crescimento do Jacaré-de-papo-amarelo, estimou que o tamanho do animal fosse de 12,5 metros de comprimento e podia pesar 8,4 toneladas. Antes, supunha-se que ele tivesse cerca de 10 metros do focinho à cauda.

 Seu habitat também era compartilhado por diversos peixes, tartarugas gigantes, aves, outros tipos de jacarés, crocodilos, gaviais, uma fauna diversificada de mamíferos como preguiças gigantes, roedores, o grupo astrapotheria (semelhante às antas), toxodontes e outros ungulados. O Purussaurus se alimentava de todos esses animais, provavelmente aproveitado a situação, como quando um mamífero se aproximava para beber água (como os crocodilos africanos fazem com gnus e gazelas), ou de peixes e tartarugas distraídos.

  Para sustentar seu corpo, por dia ingeria ao menos 40,6 kg de alimentos. Assim como seus parentes atuais, o Purussaurus devia afogar suas vítimas para depois arrancar pedaço a pedaço com um giro, engolindo inteiro sem mastigar. Provavelmente, também ficava as margens tomando sol e com a boca aberta, para que pássaros realizassem a limpeza de seus dentes.

  O Purussaurus brasiliensis viveu no Brasil durante o Período Neógeno, no Mioceno tardio, entre 11,6 e 5,3 milhões de anos atrás, na Formação Solimões do estado do Acre. Há indícios de que também teria habitado a atual Bolívia, pois fósseis da espécie datados do mesmo período foram encontrados na Formação Cobija.    

               

Fig. 3: retirado de http://scienceblogs.com.br/colecionadores/2015/03/supercroc-da-amazonia-em-destaque-saiba-mais/, arte de Tito Aureliano (retirado às 21:50, 10/09/2017).

AMBIENTE PANTANOSO

  O auge do Purussaurus foi a 8 milhões de anos, prova disso são os inúmeros fósseis da espécie encontrados ao longo dos rios Acre, Purus e Juruá, quase que em todo o estado do Acre. O ambiente em que ele viveu era completamente diferente da atual floresta amazônica. Durante o Mioceno, o norte da América do Sul era banhado pelo chamado Mar de Pebas (atual Mar do Caribe), que recebia também um fluxo de água provinda dos rios. Com o soerguimento da Cordilheira dos Andes, esses rios acabaram criando um ambiente de planície com dezenas de pântanos, lagos e lagoas muito extensas.

  O Purussaurus se adaptou muito bem a esse ambiente, diversificou-se em número de espécies e até o momento são conhecidos o Purussaurus neivensis, o Purussaurus mirandai e o Purussaurus brasiliensis. Purussaurus neivensis é o mais antigo do gênero já encontrado, tendo surgido a 15 milhões de anos na metade do Mioceno e vivido na atual Colômbia.  Purussaurus mirandai viveu na atual Venezuela e foi conterrâneo do Purussauro brasileiro, perdendo para ele apenas no tamanho. O Purussaurus brasiliensis foi o maior do gênero, superando os 12 metros e esta entre os maiores predadores que já existiram.

   Apesar de viver num ambiente próspero criado pelas montanhas, a Cordilheira dos Andes continuou a se elevar de modo que o paraíso pantanoso foi se transformando no que hoje conhecemos como os rios da Floresta Amazônica. Essa mudança drástica extinguiu o supercrocodilo, visto que ele não foi capaz de se adaptar ao novo ambiente que lhe foi imposto, o que não foi o caso de outras espécies de jacarés menores, que continuam a habitar até hoje a região.               

Fig. 4: retirado de https://gonzalezaurus.deviantart.com/art/purussaurus-179784651, arte de Jorge Antonio Gonzalez (retirado às 21:30, 10/09/2017). 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aureliano, Tito; Ghilardi, Aline M.; Guilherme, Edson; Souza-Filho, Jonas P.; Cavalcanti, Mauro; Riff, Douglas (2015). "Morphometry, Bite-Force, and Paleobiology of the Late Miocene Caiman Purussaurus brasiliensis".PLOS ONE. 10 (2): e0117944. ISSN 1932-6203. doi:10.1371/journal.pone.0117944.

 

Rodrigues, J.B. (1892). ""Les reptiles fossils de La Vallée de L'Amazone". Vellosia". Contribuições do Museu Botânico do Amazonas. 2: 41–60.

 

http://scienceblogs.com.br/colecionadores/page/56/

 

http://scienceblogs.com.br/colecionadores/2015/03/supercroc-da-amazonia-em-destaque-saiba-mais/

 

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150226_dinossauro_brasileiro_curiosidades_fd

 

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2015/02/1594898-jacare-do-acre-era-maior-que-onibus-e-mordia-mais-forte-que-tiranossauro.shtml

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