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Adamantinasuchus navae

O Adamantinasuchus foi um pequeno crocodiliano terrestre que viveu no Brasil milhões de anos atrás durante o Período Cretáceo. Seu tamanho, bem como a disposição de seus dentes induziram aos paleontólogos a crer que ele era um réptil ágil e possuía hábitos alimentares onívoros ou até mesmo herbívoros.   

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

SUBORDEM: NOTOSUCHIA

FAMÍLIA: SPHAGESAURIDAE

GÊNERO: ADAMANTINASUCHUS

ESPÉCIE: ADAMANTINASUCHUS NAVAE

Adamantinasuchus.jpg

Fig. 1: Arte de Nobu Tamura, retirado de http://spinops.blogspot.com/2012/06/adamantinasuchus-navae.html (01/02/19 às 18:00 h.

DESCOBERTA:

 

   A Bacia Bauru é uma extensa região localizada desde o Triangulo Mineiro, Noroeste do Paraná, Sul de Goiás, porção Ocidental do estado de São Paulo e parte do Mato Grosso do Sul. Já foram encontrados centenas de fósseis de diversas espécies neste território extenso, variando entre as eras geológicas. Normalmente, os achados ocorrem durante construções, escavações de empresas, qualquer atividade comercial ou particular que envolva a movimentação do solo.

   Muitas vezes geólogos, pesquisadores ou entusiastas de paleontologia vão a locais assim para tentar encontrar algo. Em 1998, a 25 Km da cidade de Marília, São Paulo, uma represa artificial estava sendo construída e William Nava, geólogo e coordenador do Museu de Paleontologia de Marília, foi até lá a procura de fósseis. Conseguiu localizar no local os restos fósseis do Adamantinasuchus, até então desconhecido da ciência. Os ossos fossilizados do pequeno réptil por pouco não foram perdidos, visto que a represa havia começado a encher.

   O material, crânio, mandíbula e boa parte do resto do corpo, foi levado para preparação, sendo retirado do solo a qual estava encrustado e, somente em 2006, oficialmente apresentado ao público por meio de publicação na revista científica Gondwana Research, assinado pelos paleontólogos Pedro Henrique Nobre e Ismar de Souza Carvalho. O estudo do espécime só foi possível graças à parceria entre o Museu de Paleontologia de Marília, a Prefeitura de Marília, a FAPERJ, o Instituto Virtual de Paleontologia, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o apoio financeiro do CNPq.

   O fóssil do Adamantinasuchus original pertencia ao acervo do Museu Nacional até a época do incêndio, sendo seu paradeiro e estado de conservação incerto até o momento. Felizmente, outros quatro fósseis descobertos mais tarde, cerca de 100 Km de Marília, alguns em excelente estado e relacionados à espécie estão guardadas atualmente no Museu de Paleontologia da cidade de Marília.       

ETIMOLOGIA:

   Para o paleontólogo Ismar Carvalho, se ele fosse um cão seria como um chihuahua. O pequeno crocodilomorfo foi batizado de Adamantinasichus navae, sendo que o nome do gênero é junção da palavra em grega souchus, que significa crocodilo, e adamantina, em relação à Formação Adamantina que é a formação geológica na qual encontrou-se os primeiros fósseis deste tipo. Já o nome da espécie, navae, é uma homenagem à William Roberto Nava, que resgatou o holótipo antes que a barragem enchesse totalmente.

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Fig. 2: Fósseis do primeiro Adamantinasuchus descoberto. Imagem retirado de http://cienciahoje.org.br/pequeno-mas-notavel

O ANIMAL:

 

   O fóssil do Adamantinasuchus foi descoberto na Formação Adamantina, o que sugere que ele viveu durante o Período Cretáceo, entre as eras Turoniano e Santoniano, correspondendo ao intervalo de 93,3 e 83,6 milhões de anos atrás. O território brasileiro naquela época era bem diferente, não só geologicamente, mas o clima era de uma região árida, cercada por montanhas, com temperatura que podia chegar a 60º Celsius.

   Neste clima, o Adamantinasuchus tinha que estar preparado para sobreviver. Seu tamanho era de meio metro de comprimento, pesando uns 10 quilos. Embora parente dos crocodilianos, o Adamantinasuchus era um réptil totalmente terrestre, tinha crânio curto e alto, narinas frontais típicas de vertebrados terrestres, pernas longas e finas, possibilitando uma boa agilidade em solo. Essa rapidez poderia ser usada tanto para o réptil caçar as pequenas presas, quanto para fugir de predadores como outros crocodilos terrestres e dinossauros carnívoros.

   Aliás, sua alimentação provavelmente era onívora, pois seus dentes indicam capacidade de mastigar, algo incomum em répteis contemporâneos. Acredita-se que seu alimento variava entre pequenos animais, insetos, carniça e as plantas típicas do Cretáceo. Estudos posteriores indicam parentesco dele com o Armadillosuchus e Caipirasuchus, animais reconhecidos como tendo uma provável dieta herbívora. O fato desses répteis terem evoluído e especializado seus hábitos alimentares demonstra que conseguiam tirar proveito do meio ambiente árido: em algumas épocas se alimentavam de pequenos animais ou carniça, em outras de plantas e insetos.

  Outra característica típica dos crocodilos terrestres daquela época é a capacidade de escavar o solo, principalmente para se entocar e proteger do calor ou de predadores. Para o Adamantinasuchus outra hipótese também foi estipulada: ele seria um animal de hábitos noturnos. Ao estudar seu fóssil, observou-se que possuía um grande globo ocular, indicando a presença de grandes olhos. Talvez pudesse ser um fato relacionado com a maturidade do indivíduo, porém com tantos répteis competindo neste período, o fato de ser noturno permitia que tivesse pouca concorrência e talvez o protegesse de ataques inesperados de animais maiores que ele.

   O Adamantinasuchus acrescenta um novo olhar para a fauna brasileira pré-histórica, a de que os répteis tem grande capacidade de adaptação, tendo ocupado nichos completamente diferentes dos répteis atuais. Em outras palavras, o Adamantinasuchus estava no mesmo posto que muito mamíferos atuais, como Pacas ou Queixadas, tendo se generalizado na alimentação e no estilo de vida para sobreviver num ambiente hostil e muitas vezes cruel do passado do Brasil.

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Fig. 3: Arte de Ariel Milan Deverson da Silva (Pepi).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

NOBRE, P.H.; CARVALHO, I.S. (2006). “Adamantinasuchus navae: A new Gondwanan Crocodylomorpha (Mesoeucrocodylia) from the Late Cretaceous of Brazil”. Gondwana Research. 10 (3-4): 370-378.

 

NOBRE, P.H.; CARVALHO, I.S. Um novo Crocodylomorpha Mesoeucrocodylia da Formação Adamantina – Bacia Bauru (Cretáceo Superior), no município de Marília – SP, 2º Congresso Brasileiro de Herpetologia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2005, Belo Horizonte.

NAVA, W.R.; CARVALHO, I.S. Novos materiais de Adamantinasuchus navae, Crocodylomorpha do Cretáceo Superior, Bacia Bauru, Estado de São Paulo. Boletim de Resumos: VI Simpósio Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados. Edição Especial – São Paulo, 2008: 145-146.

 

https://www.igeo.ufrj.br/ismar/8/8_63.pdf

 

https://www.igeo.ufrj.br/ismar/8/8_125.pdf

 

http://www.faperj.br/?id=966.2.7

 

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL23146-5603,00-GRUPO+ACHA+MINICROCODILO+NO+INTERIOR+DE+SP.html

 

http://cienciahoje.org.br/pequeno-mas-notavel/

 

http://chc.org.br/um-minicrocodilo-uma-grande-descoberta/

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