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Roxochampsa paulistanus

O Roxochampsa foi um réptil semiaquático, que podia alcançar 4 metros de comprimento, sendo muito parecido com os jacarés atuais. Por anos ele foi considerado uma espécie inválida, mas em 2018 ele não só ganhou um novo nome como também acrescentou novas informações sobre crocodilomorfos antigos.        

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

CLADO: METASUCHIA

CLADO: NEOSUCHIA

SUBORDEM: NOTOSUCHIA

CLADO: ZIPHOSUCHIA

CLADO: SEBECIA

FAMÍLIA: ITASUCHIDAE

GÊNERO: ROXOCHAMPSA

ESPÉCIE: ROXOCHAMPSA PAULISTANUS

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Fig. 1: Arte de Maurilio Oliveira.

DESCOBERTA:

 

   Em 1936 o paleontólogo Matias Gonsalves de Oliveira Roxo (1885 – 1954) descreveu uma nova espécie de réptil aquático batizando-o de "Goniopholis paulistanus”. Ele seria mais uma espécie de Goniofolis, que também foram descobertos na Europa, África e América do Norte.

   Matias Roxo se baseou em três fósseis para descreve-lo, no caso dois dentes e uma tíbia incompleta. Um outro osso foi usado para o estudo de Matias, porém atualmente está perdido. Os dentes isolados foram encontrados por Alberto F. L. Wanderley, em 1935, em uma seção da ferrovia nordeste perto do distrito de Amandaba, em Mirandópolis. Já a tíbia foi encontrada por Heitor Serapião, a 40 quilômetros do achado dos dentes, na estação Valparaíso, numa profundidade de 20 metros, quando este fazia uma poço artesiano.

   Após descreve-lo muito se discutiu, pois os poucos fósseis e o fato do Goniofolis ter sido um réptil marinho do período Jurássico, cerca de 155 milhões de anos atrás, o que era incompatível com as rochas de Mirandópolis, que são do final do Cretáceo. De fato, era muito comum que pesquisadores de todo o mundo, no início do século XX, descrevessem fósseis identificando-os a espécies já conhecidas, algo observado até com dinossauros, como o Braquiossauro e o Iguanodonte. Outros cientistas no Brasil já haviam reportado a presença deste crocodiliano, como Friedrich von Huene baseando-se em um fóssil vindo da cidade de Colina, São Paulo.

   Devido a essa controvérsia, o batismo do Goniofolis brasileiro foi considerado inválido. Em 2015 e 2017 foram feitas escavações em Alfredo Marcondes, também estado de São Paulo, onde coletaram-se fósseis de crocodilomorfos. Após análises, Alfredo Pinheiro e seus colegas paleontólogos identificaram se tratar de restos de dois indivíduos muito parecidos com o animal descrito por Matias. Logo concluíram que se tratava de uma nova espécie e em 2018 apresentaram seu estudos, batizando o Roxochampsa e concluindo que ele era parente do Barreirosuchus e do Itasuchus, criando uma nova família para este grupo.    

 

ETIMOLOGIA:

 

   O nome Roxochampsa vem da junção da palavra champsai que no grego antigo significava crocodilo e o Roxo do sobrenome de Matias Gonsalves de Oliveira, sendo uma homenagem feita a esse antigo paleontólogo. Aliás, ele está entre os primeiros paleontólogos brasileiros, tendo sido discípulo de Orville Adalbert Derby, e deixando um legado de 67 trabalhos na área.

   O nome da espécie, paulistanus, é uma referência ao estado de São Paulo, que foi mantido do nome originalmente dado por Matias Roxo. Fato este muito comum ao se renomear espécies: normalmente muda-se o nome do gênero e se mantém da espécie.

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Fig. 2: Fósseis originais descritos por Mathias de Olivera Roxo em 1936.

O ANIMAL:

 

   O Roxochampsa tinha uma cabeça de 40 centímetros e devia mediar entre 2,5 à 4 metros de comprimento, sendo um réptil muito parecido com os atuais jacarés. Seus dentes não eram nem muito pontudos nem muito achatados, com estrias profundas, mostrando que era capaz de morder alimentos mais duros. Ele viviam em rios e lagos do Cretáceo e se alimentava de peixes, moluscos, caranguejos e tartarugas daquele tempo.

   Seus fósseis foram encontrados dentro da formação Presidente Prudente, na Bacia Bauru, o que indica que ele viveu durante o final do Período Cretáceo, durante o Campaniano e o início da idade do Maastrichtiano, entre 83,6 e 70 milhões de anos atrás. Naquela época o clima da região onde o Roxochampsa vivia era mais quente e seco, porém a presença de rios e lagos perenes permitia a existência de uma fauna variada de animais, inclusive de dinossauros. Roxochampsa foi contemporâneo do Austroposeidon, um gigantesco dinossauro saurópodes, e de outro crocodilomorfo semi-aquático, o Pepesuchus, que era um parente próximo.

   Com uma mordida poderosa, Roxochampsa era capaz de comer moluscos ou tartarugas, como Bauruemys e o Roxochelys, espécies de cágados que existiam naquela época do mesozoico. Mais do que um novo animal pré-histórico, o Roxochampsa resolve um mistério de mais de 80 anos e acrescenta um pouco mais de conhecido sobre a fauna antiga brasileira.

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Fig. 3: reconstrução de Roxochampsa (UERJ).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Pinheiro, A.E.P., Pereira, P.V.L.G., Da, C., De Souza, R.G., Brum, A.S., Lopes, R.T., Machado, A.S., Bergqvist, L.P., Simbras, F.M., 2018. Reassessment of the enigmatic crocodyliform “Goniopholis” paulistanus Roxo, 1936: historical approach, systematic, and description by new materials. PLoS One 13, e0199984.

 

https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/estudo-descreve-crocodilo-gigante-que-viveu-ha-70-milhoes-de-anos-em-sao-paulo,3227e7891371ddbb2c07b62178d70c3afa03u3rb.html

 

http://www.cte.uerj.br/tv-uerj/uerj-descobre-nova-especie-de-crocodilo-fossil/

 

https://joaoroxoedescendentes.wordpress.com/2010/08/14/titulo-iii-capitulo-6-i-8-mathias-gonsalves-de-oliveira-roxo/

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