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Brasilotitan nemophagus

Muitos fósseis de dinossauros foram encontrados por acaso, principalmente quando escavações ou obras exigem a remoção de terras nas quais ossos ficaram enterrados por milhões de anos. Este foi o caso do Brasilotitan, um dinossauro saurópode descoberto no Brasil durante obras para expansão de uma rodovia.

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: DINOSAURIA

ORDEM: SAURISCHIA

SUBORDEM: SAUROPODOMORPHA

INFRAORDEM: SAUROPODA

CLADO: TITANOSAURIA

FAMÍLIA: INDETERMINADA

GÊNERO: BRASILOTITAN

ESPÉCIE: BRASILOTITAN NEMOPHAGUS

DESCOBERTA:

 

   Em janeiro do ano 2000, o geólogo William Nava estava a caminho da cidade Presidente Prudente, estado de São Paulo, pela Rodovia Raposo Tavares (SP-270), quando observou rochas às margens do KM 571, que foram retiradas para alargar a estrada. Sabendo que a região continha fósseis, William resolveu investigar e encontrou diversos fósseis de dinossauros, dentes de crocodilomorfos e dinossauros, escamas de peixes e coprólitos (cocô fóssil).

  Durante todo o ano 2000, William realizou um “resgate paleontológico” dos materiais encontrados no local, salvando o máximo de fósseis possíveis. Entre eles estavam os fósseis do Brasilotitan, representado por parte da mandíbula, duas vértebras cervicais, três vértebras sacrais incompletas, fragmentos do ílio e do ísquio. Também havia uma vértebra caudal de cerca de 40 centímetros que fora perdida, junto com outros fósseis quando, no final do ano 2000, as rochas foram usadas para preencher buracos na própria rodovia. Tudo o que resta da vértebra é uma foto tirada por William.

ESTUDOS EM PARCERIA:

   Até agosto de 2004 os fósseis permaneceram com William Nava, mas isso mudou quando um grupo de paleontólogos e estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foram até a cidade de Marília, São Paulo, para uma pesquisa de campo. William lhes mostrou todos os fosseis, lhes chamando mais atenção a mandíbula, assim parte do material foi cedido para ser levado, preparado e estudado no Rio de Janeiro.

   Somente em 2013 o dinossauro, batizado de Brasilotitan nemophagus, foi apresentado ao meio acadêmico pelos paleontólogos Elaine Machado, Leonardo Ávilla, Diógenes Campos, Alexander Kellner e William Nava, seu descobridor.

Fig. 2: imagem da vértebra caudal, retirado de http://scienceblogs.com.br/colecionadores/2013/08/a-descoberta-de-um-tita/ (02/06/2017 às 22:15)

ETIMOLOGIA:

 

  O nome Brasilotitan é uma combinação entre a palavra Brasil, país onde viveu o dinossauro, e a palavra grega Titan, em alusão aos seres mitológicos gregos. Já o nome específico, nemophagus, é a união das palavras gregas nemos, que significa pasto ou madeira, e phagus, que significa comer, ou seja, o nome específico seria “comedor de plantas”, uma alusão ao fato dele ser um animal herbívoro.

 

O DINOSSAURO:

 

  O Brasilotitan nemophagus foi um dinossauro saurópode, animal herbívoro com pescoço e caudas longos, sendo que ele fazia parte dos Titanossauros, grupo muito comum durante o Cretáceo na América do Sul. Seu comprimento era de 8 metros, com uma altura de um a dois metros, sendo um dos menores dinossauros saurópodes já encontrados no Brasil.

  Ele foi encontrado na chamada Formação Adamantina, Bacia Bauru, numa idade que pode ser Turoniana-Santoniana (93,9 milhões de anos até 83,6 milhões de anos) ou Campaniana-Maastrichtiana (83,6 milhões de anos até 66 milhões de anos). Nesta época a região era de clima árido, embora houvesse lagos e rios que permaneciam durante as secas.

  O Brasilotitan tinha uma mandíbula quadrada, diferente de outros Titanossauros, indicando que ele poderia ter uma alimentação herbívora diferenciada, sendo sugerido que talvez se alimentasse de plantas rasteiras, dado o seu tamanho pequeno. Também foram detectados sequencias de três fileiras dentarias na mandíbula do animal, indicando que quando um dente caía outro nascia no lugar, um processo que se seguia ao longo da vida do animal.

Fig. 3: imagem da mandíbula, retirado de http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/cacadores-de-fosseis/feras-brasileiras-2 (02/06/2015 às 22:15).

OUTROS FATOS:

 

  Os restos do Brasilotitan mostraram que ele era um dinossauro bem diferenciado. Para começar a mandíbula, fóssil raro entre os saurópodes, indicava um parentesco com Antarctosaurus wichmannianus e Bonitasaura salgadoi, ambos da Argentina.

  Embora pequeno, em relação a outros de sua família, o dinossauro deveria ter uma proteção em suas costas, conhecidas como osteodermas, que protegiam a pele de ataques de predadores.

  Outro ponto foram as evidências de mordidas no osso do ílio, indicando que o animal pode ter sido atacado e morto por algum predador ou mesmo ter sido devorado por carniceiros depois da sua morte.

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