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Batrachomimus pastosbonensis

O Batrachomimus foi um réptil muito semelhante à jacaretingas atuais, só que com 1 metro de comprimento, um focinho bem longo e fino, se alimentava de peixes e vivia em lagos e rios do Período Jurássico.   

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

CLADO: METASUCHIA

CLADO: NEOSUCHIA

FAMÍLIA: PARALLIGATORIDAE

GÊNERO: BATRACHOMIMUS

ESPÉCIE: BATRACHOMIMUS PASTOSBONESIS

Fig. 1: Retirado de https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Batrachomimus_pastosbonensis.jpg, arte de Smokeybjb (20/01/2018 às 18:30).

DESCOBERTA:

 

   Em maio de 2012 paleontólogos realizavam uma prospecção de fósseis perto do riacho Altamira, localizado a 15 km da cidade Nova Iorque, no estado do Maranhão. O objetivo deles era ir a uma área inexplorada coletar fósseis do Permiano, uma época que os dinossauros ainda não existiam. Assim, eles acabaram encontrando os restos do que seria o Batrachomimus, preso a uma rocha de arenito, sendo esta retirada e levada ao laboratório para preparação dos fósseis.

   A escavação encontrou o crânio em bom estado junto com a armadura óssea e restos das patas. Inicialmente, os pesquisadores imaginavam se tratar de restos de um anfíbio gigante da família dos Temnospôndilos, que eram muito comuns no Permiano e se pareciam com os jacarés atuais, vivendo praticamente da mesma maneira que eles. Após a preparação do fóssil percebeu-se o equívoco: na realidade aqueles eram fósseis de um réptil aquático.

   Assim, os paleontólogos pesquisaram melhor a região estratigráfica do achado e constataram que eram rochas do Período Jurássico, mais especificamente das eras Oxfordiana à Kimmeridgiana, datadas entre 163,5 até 152,1 milhões de anos. A descoberta foi sem precedentes, visto que fósseis do Jurássico no Brasil são raros: apenas restos de peixes do grupo dos celacantos já haviam sido encontrados, sendo o Batrachomimus o primeiro tetrápode a ser identificado para essa época. O estudo do crânio do réptil, juntamente com seu batismo, foi realizado pelos paleontólogos Felipe Montefeltro, Hans Larsson, Marco de França e Max Langer. No ano de 2013 ele foi oficialmente apresentado e descrito ao público.    

 

 

ETIMOLOGIA:

     A palavra Batrachomimus significa mímico de batráquio, palavra que vêm do grego e designa animais anfíbios, ou seja, imitador de anfíbio. Isto se deve ao fato dos pesquisadores primeiro imaginarem se tratar de uma espécie antiga de anfíbio gigante. Já o nome da espécie, pastosbonensis, se refere à Formação Pastos Bons, local da descoberta deste réptil jurássico.   

 

Fig. 2: Fóssil do crânio, fotografia de Felipe Montefeltro, retirado de http://chc.org.br/pequeno-avo-dos-jacares/ (20/01/2018 às 18:35).  

O ANIMAL:

   Embora de porte pequeno, este réptil provavelmente foi um predador importante para seu ecossistema. Com um metro de comprimento, dentes de jacaré e 20 centímetros de um focinho pontiagudo, semelhante ao dos atuais gaviais, ele deveria se alimentar quase exclusivamente de peixes e pequenos animais aquáticos. Seu corpo esquio era melhor adaptado para vida na água do que em terra. Este fato é bem peculiar, considerando que na época e local que o Batrachomimus viveu existia um imenso deserto, que limitava o recurso de água.

   Com um corpo semelhante às jacaretingas, ele devia ser um predador que vasculhava o fundo de rios e lagos, revirava o lodo e caçava peixes daquele tempo. Provavelmente, como muito répteis atuais de sangue frio, ele podia ficar bastante tempo no sol para recuperar energia e sobreviver às noites geladas do deserto que habitava. Para sobreviver ao calor escaldante do dia ele utilizava a água, mantendo seu couro sempre úmido e hidratado.

   É importante ressaltar que ele pertence à família ancestral dos atuais crocodilianos, algo que surpreendeu os paleontólogos, visto que até então os mais antigos animais do grupo e parentes do Batrachomimus foram encontrados na Ásia, em países com Uzbequistão, China e Mongólia. Ele é pelo menos 30 milhões de anos mais antigo que eles. Isto indica que estes répteis já existiam quando a Pangeia ainda não tinha se separado. Após a deriva dos continentes, estes répteis acabaram se isolando e evoluindo conforme o ambiente. Em poucas a palavras, a família dos crocodilos atuais é bem mais antiga do que se supunha.

 

O BRASIL JURÁSSICO:

   O Período Jurássico é conhecido por ser a época de glória dos grandes dinossauros: gigantescos saurópodes, como o Apatossauro e o Braquiossauro, pastavam em imensas florestas de coníferas, enquanto eram seguidos por Estegossauros encouraçados e Alossauros vorazes e famintos. Está paisagem pode ser evidenciada através de fósseis descobertos na América do Norte. Contudo, aqui no Brasil, fósseis do Jurássico são extremamente raros e escassos, provavelmente devido às condições geológicas da época. É preciso ressaltar que durante o Jurássico haviam apenas dois continentes, Laurásia ao norte e Gondwana ao sul, sendo este último formado por parte do que hoje conhecemos como América do Sul. Como Gondwana era imensa, as massas úmidas do Oceano Pantalássico não alcançavam o seu interior, permitindo a aridez da região. De fato, as condições climáticas fizeram surgir um dos maiores desertos jamais vistos: o Deserto de Botucatu.

   Este deserto não era inabitado pois haviam dinossauros, répteis e mamíferos. Infelizmente seus restos não foram bem preservados por dois motivos: primeiro, dunas e ambiente desérticos muitas vezes não preservam bem os fósseis. Segundo, naquele tempo as placas tectônicas estavam se soerguendo, dando origem à paisagem atual, algo que prejudica muito a conservação de esqueletos, já que o melhor seria se o terreno estivesse afundando. Outro fator, que também pode ser considerado, foi o intenso vulcanismo no Sudeste Brasileiro, que acabou por soterrar boa parte deste antigo deserto. Portanto, o Batrachomimus ter sobrevivido num ambiente tão turbulento, bem no meio de Gondwana, no grande deserto, nos mostra que há muito a ser descoberto. A paleontologia brasileira ainda vai surpreender e desvendar segredos destes tempos perdidos.

  

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