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Arrudatitan maximus

O Arrudatitan foi um dinossauro saurópode que habitou o território brasileiro durante o final do Cretáceo. Inicialmente, ele foi incluído como uma nova espécie de Aeolossauro, junto a outros dois dinossauros encontrados na Argentina, porém em 2021 ele foi estabelecido como uma espécie única brasileira.

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: DINOSAURIA

ORDEM: SAURISCHIA

SUBORDEM: SAUROPODOMORPHA

INFRAORDEM: SAUROPODA

CLADO: TITANOSAURIA

FAMÍLIA: AEOLOSAURIDAE

TRIBO: AEOLOSAURINI

GÊNERO: ARRUDATITAN

ESPÉCIE: ARRUDATITAN MAXIMUS

          Fig. 1  retirado de http://www.skyenimals.com/data/animals/d/dinosaur/dinosaur_Antarctosaurus/ FULLSIZE-antarctosaurus.gif  (02/07/15 às 19:15).

DESCOBERTA:

 

   Em 1997, Ademir Frare e Luiz Augusto, seu sobrinho, encontram fósseis na zona rural de Cândido Simões, estado de São Paulo. Eles avisaram o professor Antônio de Celso Arruda Campos que acionou uma equipe do Museu de Paleontologia de Monte Alto, sendo feita uma prospecção de fósseis no local entre 1997 e 1998. Foram encontradas vértebras cervicais, vértebras dorsais, vértebras caudais, costelas dorsais, costelas cervicais, fêmures, ísquio, úmero entre outros fragmentos, identificados como pertencentes a um único indivíduo na época.

   Todo esqueleto estava enterrado num espaço de 100 m², sendo que o dinossauro morreu deitado com o lado esquerdo para baixo. Supõe-se que ele tenha sido predado por carniceiros após sua morte, já que dentes de crocodilomorfos e terópodes foram encontrados próximos à área do fêmur, embora nenhuma evidência de mordida tenha sido observada nos fósseis.

   Durante muito tempo estes fósseis foram identificados como pertencentes ao gênero Aeolosaurus, que já havia sido descoberto na Argentina, mostrando que existia deslocamentos de dinossauros por toda América do Sul. Somente em 2011 ele foi identificado como uma nova espécie, batizada de Aeolosaurus maximus pelos paleontólogos Antônio Celso de Arruda Campos, seu descobridor, e Rodrigo Santucci. Contudo, alguns autores reportaram inconsistências ao comparar tais fósseis a outros titanossauros, considerando a presença de elementos fósseis de outros dinossauros e comparando mais detalhadamente com os Aeolossauros argentinos.

   Em 2021, uma equipe formada por seis pesquisadores, entre brasileiros e estrangeiros, concluiu que o Aeolossauro brasileiro era um tipo único, não tão próximo aos Aeolossauros argentinos, sendo rebatizado de Arrudatitan, acrescentando outras informações sobre esta família de saurópodes que habitou terras sul-americanas no final do Cretáceo.

ETIMOLOGIA:

 

   O dinossauro foi rebatizado de Arrudatitan, como homenagem à Antônio de Celso Arruda Campos (1934 – 2015), importante pesquisador, professor e entusiasta da paleontologia, tendo contribuído para diversos estudos de animais pré-históricos, além de antigo curador do Museu de Paleontologia de Monte Alto. O nome original era Aeolosaurus em referência ao deus grego do vento chamado Éolo, porque a região na Argentina onde o primeiro espécime de Aeolossauro foi descoberto é marcada por fortes ventanias. Já o nome da espécie maximus é por acreditarem que fosse um aeolossauro, sendo muito maior que as outras espécies argentinas, tendo sido mantido ao ser rebatizado.

Fig. 2: Fósseis encontrados do Arrudatitan, retirado do artigo original.

O DINOSSAURO:

 

   O Arrudatitan era um titanossauro, saurópode de pescoço e cauda longos, com hábitos herbívoros, quadrúpede e com patas redondas como a de elefantes. Deveria pastar enormes quantidades de comida para sustentar seu corpo, além de viver em bandos e contar com osteodermos em suas costas para se proteger de ataques de outros animais, embora seu tamanho já afastasse os predadores. Sua cauda não era completamente horizontal, pois ela era inclinada para baixa, sem tocar no chão, idêntica à aparência dada aos saurópodes antigamente.

   Estima-se que tinha em torno de 19 a 22 metros de comprimento, com três metros de altura, e habitado o Brasil em algum momento entre as idades do Santoniano e Maastrichtiano, entre 86,3 e 66 milhões de anos atrás, durante o final do período Cretáceo, visto que foi descoberto na Formação Adamantina. Naquela época a região era semiárida, com temperaturas bem elevadas, com a presença de vulcões ainda em atividade. Ainda assim, o Arrudatitan estava muito bem adaptado, sobrevivendo graças à abundante vegetação que se mantinha por rios e lagos abastecidos durante a estação das chuvas. Além disso, o Arrudatitan foi contemporâneo de outros dinossauros saurópodes como o Maxakalissauro e o Gondwanatitan, além de crocodilomorfos predadores como o Baurusuchus.

 

Fig. 3: arte de Ariel Milani Martine, divulgação.

NOVOS ESTUDOS:

 

   Com os novos estudos publicados em 2021 muitas questões sobre os Aeolossauros puderam ser esclarecidas. As espécies argentinas, Aeolosaurus rionegrinus e Aeolosaurus colhuehuapensis mantiveram seu patamar de mesmo gênero, excluindo a possibilidade de um representante brasileiro. Contudo, Arrudatitan ainda possui proximidade familiar com esses dinossauros, de modo que a proposta de criação da tripo Aeolosaurini em 2004 se manteve, agrupando também as espécies brasileiras Gondwanatitan, Caieiria e Uberabatitan. Outro esclarecimento está na idade geológica do Arrudatitan, afinal ele não está mais ligado ao mesmo período que viveram as espécies de Aeolossauros argentinos. O Arrudatitan acrescenta mais um tipo à lista de dinossauros saurópodes brasileiros, indicando que a variedade desse grupo não só era maior do que se podia imaginar, como também continha espécies exclusivas e endêmicas do território nacional.

Arrudatitan fossil.png

Fig. 4: fêmur do Arrudatitan sendo escavado em 1997, retirado de Silva et. al (2021).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

Santucci, R. M., & A. C. de Arruda-Campos. 2011. A new sauropod (Macronaria, Titanosauria) from the Adamantina Formation, Bauru Group, Upper Cretaceous of Brazil and the phylogenetic relationships of Aeolosaurini. Zootaxa 3085:1-33.

Silva Junior, J. C., Martinelli, A. G., Iori, F. V., Marinho, T. S., Hechenleitner, E. M., & Langer, M. C. (2021). Reassessment of Aeolosaurus maximus, a titanosaur dinosaur from the Late Cretaceous of Southeastern Brazil. Historical Biology, 34(3), 403-411.

 

https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2021/05/04/pesquisadores-descobrem-genero-de-dinossauro-que-viveu-ha-85-milhoes-de-anos-no-interior-de-sp.ghtml

 

 

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