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Aplestosuchus sordidus

Durante o Cretáceo, a região sudeste brasileira era dominada por um clima seco e quente, ambiente no qual o Aplestosuchus se desenvolveu como um importante predador para o ecossistema, representando mais um predador crocodilomorfo terrestre.

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

CLADO: METASUCHIA

SUBORDEM: NOTOSUCHIA

CLADO: SEBECOSUCHIA

FAMÍLIA: BAURUSUCHIDAE

SUBFAMÍLIA: BAURUSUCHINAE

GÊNERO: APLESTOSUCHUS

ESPÉCIE: APLESTOSUCHUS SORDIDUS

Fig. 1: Arte de Rodolfo Nogueira, retirado de PLOS ONE/Divulgação (01/03/2018 às 10:00).

DESCOBERTA:

   Prospecções de fósseis tem sido feitas a bastante tempo no município de General Salgado, estado de São Paulo, e tem revelado muito sobre a fauna brasileira do Período Cretáceo. Foi numa propriedade particular, na zona rural do município e próximo ao riacho Buruti, que paleontólogos identificaram os primeiros restos de um novo crocodilomorfo, em março de 2011.

   Após o devido preparo do material, que estava em bom estado de conservação, foi possível identificar a nova espécie, batizada de Aplestosuchus, e também um material inédito: próximo ao que seria seu estômago continha os ossos de outro animal, predado pelo Aplestosuchus. A condição de preservação do conteúdo estomacal é tão boa que dentes e quatro partes do crânio do animal predado estavam intactos e puderam ser relacionados ao grupo crocodilomorfo dos Esfagessaurídeos, animais menores de hábitos onívoros ou mesmo herbívoros. Tal achado é inédito na paleontologia mundial, pois é a primeira evidência fóssil concreta de predação entre animais crocodiliformes.

   O material estava em rochas do Período Cretáceo, mais especificamente dentro do Grupo Bauru, na chamada Formação Adamantina datada de 93,9 a 83,6 milhões de anos atrás, entre as eras Turoniano e Santoniano. Após o achado, todo material foi armazenado no Laboratório de Paleontologia da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. O novo espécime foi apresentado ao público em Maio de 2014 por meio de artigo científico assinado pelos pesquisadores Pedro Godoy, Felipe Montefeltro, Mark Norell e Max C. Langer.

ETIMOLOGIA:

   O nome Aplestosuchus significa crocodilo guloso, devido à união da palavra grega aplestos, que significa guloso, com a palavra egípcia souchos, que designa uma das criaturas zoomórficas daquela cultura antiga. Já o nome da espécie, sordidus, significa em Latim abominável, devido aos paleontólogos terem encontrado na sua cavidade restos de outro crocodilomorfo.       

Fig. 2: Fóssil do crânio, do corpo e do conteúdo estomacal, retirado do artigo original (Adaptado)

O ANIMAL:

 

   Com base nos fósseis, estima-se que o Aplestosuchus medisse 2,30 metros de comprimento, talvez um metro de altura e pudesse chegar ao 220 quilos. Seu andar não era como os crocodilos e jacarés atuais, que rastejam seu corpo pelo chão. Muito pelo contrário: ele andava de forma semelhante aos lobos atuais, sem rastejar, utilizava sua cauda para contrabalancear o peso e devia ser um crocodilomorfo exclusivamente terrestre.

   Seu crânio não deixa dúvida quanto à seus hábitos alimentares, pois com dentes tão pontiagudos, medindo em torno de 4 centímetros, fica difícil não supor que fosse um predador importante para a época. O fato de terem encontrado restos alimentares na região estomacal indica que eles caçavam pequenos animais ativamente e não apenas dependessem de carcaças de outros dinossauros para sobreviverem. Outro ponto interessante está no fato de que estes animais cavavam pequenos tocas, nas quais se protegiam do clima e de dinossauros predadores maiores, o que pode ter selado o destino do Aplestosuchus encontrado. Preso em uma toca por desabamento ou qualquer outro fato, o animal acabou muito bem fossilizado e possibilitando aos cientistas supor como era a cadeia alimentar à milhões de anos.

 

 

 

A TEIA ALIMENTAR:

 

   Na região de General Salgado não foram só descobertos os restos do Aplestosuchus, mas também de Gondwanasuchus, duas espécies de Baurusuchus e Armadillosuchus. Os dois primeiros eram animais carnívoros, indicando que a incidência de predadores crocodilomorfos na região era bem variada. De fato, em toda a Bacia Bauru existe mais fósseis desses antigos parentes dos jacarés do que de dinossauros carnívoros.

   Desta forma, os mesmos autores conseguiram desenvolver uma teia alimentar, que pode ser vista na figura abaixo, indicando que no Cretáceo brasileiro os predadores que mais se destacavam eram os parentes do Aplestosuchus. Os fósseis desses animais são abundantes, indicando que crocodilianos dominavam tanto o ambiente terrestre quanto o aquático, eram carnívoros, onívoros e herbívoros. Seria possível criar uma cadeia alimentar completa somente com os crocodilomorfos.

   Não se sabe ao certo o motivo deste ecossistema ser assim: talvez o clima árido da época não fosse ideal para terópodes, ou seus restos não se preservaram, ou mesmo ainda falta mais exploração e pesquisa de campo para detectá-los. Sabe-se que dinossauros carnívoros estavam lá devido a dentes e alguns fósseis desarticulados que são encontrados. Com relação aos dinossauros herbívoros a situação é diferente, afinal são conhecidos muitos tipos de saurópodes que viveram no Cretáceo do Brasil, sendo que muitos fósseis são encontrados. Talvez esses animais sobrevivessem melhor naquele ambiente.

   Observando a teia alimentar abaixo notamos em vermelho a situação do Aplestosuchus enquanto predador e o pequeno esfagessaurídeo enquanto presa. Mas o jogo podia mudar para ambos, pois se o Aplestosuchus descuidasse viraria comida de grandes dinossauros carnívoros, enquanto o pequeno esfagessaurídeo caçava insetos e, quem sabe, até mesmo outros animais.

Fig. 3: Teia Alimentar da Formação Adamantina, imagem retirada do artigo original (Adaptado).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

Godoy, P. L.; Montefeltro, F. C.; Norell, M. A.; Langer, M. C. (2014). "An Additional Baurusuchid from the Cretaceous of Brazil with Evidence of Interspecific Predation among Crocodyliformes". PLoS ONE. 9 (5): e97138.

 

https://www.diariodaregiao.com.br/cidades/aplestosuchus-sordidus-o-canibal-de-general-salgado-1.79148

 

https://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2014/05/21/interna_tecnologia,531018/descoberto-fossil-de-crocodilo-com-restos-de-outro-na-cavidade-abdominal.shtml

 

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/05/fossil-de-crocodilo-com-outro-crocodilo-na-barriga-e-achado-em-sp.html

 

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