DINOSSAUROS & AFINS
Itapeuasaurus cajapioensis
O Itapeussauro é um dos mais antigos dinossauros saurópodes do Brasil, tendo vivido durante o início do período Cretáceo, sendo um réptil herbívoro, com pescoço e cauda longos, antigo morador do que seria no futuro o estado do Maranhão.
CLASSIFICAÇÃO:
FILO: CORDADO
CLASSE: REPTILIA
SUPERORDEM: DINOSAURIA
ORDEM: SAURISCHIA
SUBORDEM: SAUROPODOMORPHA
INFRAORDEM: SAUROPODA
SUPERFAMÍLIA: DIPLODOCOIDEA
FAMÍLIA: REBBACHISAURIDAE
SUBFAMÍLIA: NIGERSAURINAE
GÊNERO: ITAPEUASAURUS
ESPÉCIE: ITAPEUASAURUS CAJAPIOENSIS
Fig. 1 retirado do artigo original. Arte de Deverson Pepi, adaptado.
DESCOBERTA:
No ano de 2014 o pescador Carlos Wagner Silva descobriu o que seria um fóssil na praia de Itapeuá, na cidade de Cajapió, no estado do Maranhão. Ele informou isto a professores de escolas locais que costumavam frequentar a região, e eles entraram em contato com pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão.
Em 2015 paleontólogos e alunos da universidade mobilizaram-se e foram a região identificar e recolher estes fósseis. A ação foi muita trabalhosa, visto que os fósseis estavam na região limítrofe da praia e o mar, sendo possível prospectar os fósseis apenas na maré baixa. De maneira muito engenhosa, os fósseis foram escavados e protegidos com espuma e arame, impedindo maiores danos causados pela água. Para tanto, até mesmo a noite foram feitas escavações a fim de recolher o máximo de ossos possíveis. O próprio mar auxiliava na escavação, num processo que até hoje se repete e revela a presença de animais antigos.
Por fim, foi possível identificar que os fósseis pertenciam a dois dinossauros da mesma espécie, porém eram muito poucos restos. O holótipo, usado para descrever o dinossauro, correspondia a seis fósseis: duas vértebras do início da cauda, três vertebras caudais e um arco neural incompleto. O parátipo era formado por um ísquio incompleto, a parte superior da espinha neural dorsal, uma vertebra caudal e dois chevrons.
Em 2019, uma equipe de nove paleontólogos apresentaram via artigo científico o Itapeuassauro como o mais novo dinossauro brasileiro, observando a semelhança dele com outro dinossauro espanhol, criando uma nova subfamília chamada agora de Nigersaurinae, relacionando dinossauros tanto europeus, africanos e brasileiros.
ETIMOLOGIA:
O dinossauros foi batizado de Itapeuasaurus cajapioensis, sendo o nome do gênero a junção do nome da praia Itapeuá, local do achado do dinossauro, com o saurus que em grego significa réptil. O nome da espécie escolhido é cajapioensis, em referência a cidade de Cajapió, no Maranhão, onde está a praia em questão.
Fig. 2: foto da praia de Itapeuá, local do achado dos fósseis do Itapeuassauro, retirado do artigo original.
O DINOSSAURO:
O Itapeuassauro foi um dinossauro herbívoro, quadrúpede, de pescoço e caudas longos, medindo entre 10 a 12 metros de comprimento, dois metros de altura, sendo que em suas costas existia uma corcova que se estendia em quase todo seu corpo, muito semelhante aos dromedários de hoje.
Seu pescoço não era muito longo, pois este dinossauro se alimentava mais de plantas de pequeno porte e rasteiras, como samambaias e pinheiros daquela época. Sua cauda terminava em uma espécie de chicote, utilizado não apenas para equilíbrio, mas também para defesa contra predadores. Aliás, durante a coleta de fósseis do Itapeuassauro, um dente de dinossauros carnívoro foi encontrado, indicando que ele serviu de alimento após sua morte. Aquela região pertence à Formação Alcântara dentro do Grupo Itapecuru, Bacia do São Luís, datado na idade do Cenomaniano, entre 100,5 e 93 milhões de anos atrás, no Período Cretáceo.
O Itapeuassauro era um diplodocoidea, família de saurópodes que dominaram durante o Período Jurássico, alcançando tamanhos colossais, e que no início do Cretáceo ainda estavam presentes em boa parte do planeta. Naquele momento, o continente de Gondwana estava se dividindo mais ainda, separando a África da América do Sul, porém estes animais conseguiam se adaptar cada vez mais a essas mudanças.
O dinossauro espanhol Demandassauro, descrito em 2011, foi usado de base para a descrição do Itapeuassauro, mostrando que mesmo já separados pelo recém-nascido Oceano Atlântico, estes animais tinham mantido certas semelhanças que ainda os ajudava a sobreviver nos seus respectivos ecossistemas, fazendo destes os mais comuns dinossauros de seu tempo.
Fig. 3: Arte de Dmitry Tokalchik (adaptado), retirado de https://www.deviantart.com/fossil1991/art/Itapeuasaurus-cajapioensis-848260864 (13/10/21 às 22:00).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Rafael Matos Lindoso; Manuel Alfredo Araújo Medeiros; Ismar de Souza Carvalho; Agostinha Araújo Pereira; Ighor Dienes Mendes; Fabiano Vidoi Iori; Eliane Pinheiro Sousa; Silvia Helena Souza Arcanjo; Taciane Costa Madeira Silva (2019). "A new rebbachisaurid (Sauropoda: Diplodocoidea) from the middle Cretaceous of northern Brazil". Cretaceous Research. 104: Article 104191.