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Caiuajara dobruskii

O Caiuajara dobruskii foi uma espécie de pterossauro brasileiro que viveu durante o período Cretáceo, tendo como característica uma espécie de vela sobre sua cabeça, que variava de acordo com a idade e o sexo do animal, além de ser um dos pouquíssimos pterossauros conhecidos a ter habitado uma região desértica. 

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

ORDEM: PTEROSAURIA

SUBORDEM: PTERODACTYLOIDEA

SUPERFAMÍLIA: AZHDARCHOIDEA

FAMÍLIA: TAPEJARIDAE

GÊNERO: CAIUAJARA

ESPÉCIE: CAIUAJARA DOBRUSKII

DESCOBERTA:

    A descoberta do Caiuajara ocorreu na cidade de Cruzeiro do Oeste, que fica no noroeste do estado do Paraná, próximo ao estado de Mato Grosso do Sul. No ano de 1971 o lavrador Alexandre Gustavo Dobruski e seu filho, João Gustavo Dobruski, escavavam valetas para o escoamento de água em uma estrada na zona rural, próximo às propriedades dos dois, quando repararam em pequenos ossos num barranco que há no local. Intrigado, Alexandre imaginou tratar-se de restos de algum animal pré-histórico e, em 1975, mandou parte do material encontrado para a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), também no Paraná, por intermédio de seus sobrinhos que estudavam lá.

   O material ficou guardado por décadas na universidade, sendo apenas identificado com uma placa escrita “Cruzeiro do Oeste”. Em 2011 Paulo César Manzig, professor do Centro de Paleontologia da Universidade do Contestado, que fica em Mafra, estado de Santa Catarina, foi até a UEPG atrás de mais material para seu livro “Museus & Fósseis da Região Sul do Brasil”. Encontrou lá o material e foi até Cruzeiro do Oeste procurando por qualquer informação que pudesse haver na prefeitura sobre os fósseis.

    Por coincidência o filho de João Gustavo, neto de Alexandre, trabalhava na prefeitura e ouviu a conversa que Paulo Manzig estava tendo com outra pessoa a respeito do material. Ele, então, o apresentou a seu pai que o levou até a jazida onde uma quantidade imensa de fósseis apareceria no terreno. Depois de um tempo foi confirmado que se tratava de fósseis de pterossauros que habitaram a região a pelo menos 80 milhões de anos atrás.

    Infelizmente, Alexandre já havia falecido quando Paulo Manzig apareceu na cidade, porém se não fosse por sua curiosidade e insistência sobre a existência de fósseis em Cruzeiro do Oeste, este material poderia nunca ter sido descoberto. O achado também serviu para mostrar aos moradores locais que aqueles ossos eram sim fósseis, já que eles não levavam a sério os comentários de Alexandre e João Gustavo sobre o fato.

   Os fósseis foram estudados por diversos geólogos e paleontólogos, sendo que o Caiuajara dobruskii foi apresentado ao meio acadêmico em 2014 e, atualmente, parte do material usado no estudo esta guardado no Museu do Contestado.

ETIMOLOGIA:

   O nome Caiuajara surgiu da união entre as palavras Caiuá e Tapejara: a primeira faz referência à formação geológica no local do achado chamada Grupo Caiuá, a segunda é uma referência à família Tapejaridae que este pterossauro faz parte.

    O nome da espécie, dobruskii, é uma homenagem a Alexandre e sua família por terem descobertos os primeiros restos do Caiuajara.

 

 

Fig. 2: Um dos vários fósseis do Caiuajara, no caso o holótipo que serviu de base para a descrição, (MAZING et. al., 2014).

O PTEROSSAURO:

 

    O Caiuajara foi um réptil voador, com um bico sem dentes, rabo curto, uma envergadura de asa entre 0,65 a 2,35 metros de comprimento e uma altura de quase um metro. Uma característica marcante era a crista óssea sob sua cabeça, que indicavam diferenças de gênero e idade. Os animais com maiores cristas talvez fossem os machos, provavelmente usadas para atrair o sexo oposto, enquanto que as intermediárias eram das fêmeas e as menores cristas eram dos filhotes.

   O Caiuajara vivia em bandos, visto que seus fósseis fragmentados representavam dezenas de animais de diferentes idades. Seu habitat foi um oásis no meio de um deserto que existia na região durante o Cretáceo, sendo uma novidade para pterossauros que, até então, haviam sido encontrados em sua maioria em ecossistemas próximos ao mar.

   Outro fato interessante, observado em alguns ossos, é que os filhotes logo muito cedo, aprendiam a voar, então é possível tanto que o Caiuajara chegasse à região de tempos em tempos, quanto vivessem no oásis ao longo de toda a vida, sendo a última opção a que os cientistas mais acreditam.

            

Fig. 3: Arte de Maurílio. Retirado de http://cdn4.sci-news.com/images/enlarge/image_2101_1e-Caiuajara-dobruskii.jpg (06/07/2015 às 21:30).

PALEODESERTO:

 

    A região de Cruzeiro do Oeste, do ponto de vista geológico, fica dentro da Bacia Bauru, no Grupo Caiuá, na Formação Goio-Erê, datado nas idades Turoniano para Campaniano (um período que vai entre 93,9 até 72,1 milhões de anos atrás), no Período Cretáceo. A questão é que a família do Caiuajara, os Tapejaridae, existiu até a era Cenomaniana (entre 100,5 e 93,9 milhões de anos atrás) do Cretáceo. Então, pode-se dizer ou que o Caiuajara sobreviveu a esta suposta extinção dos Tapejarídeos ou a idade da Formação Goio-Erê é mais antiga do que se pensava.

    O fato de a região ter sido um deserto sempre fez os paleontólogos não se importarem em procurar fósseis na Formação Goio-Erê, contudo a descoberta de pterossauros muda completamente a visão dos pesquisadores. No meio do mar de dunas de areia, existiam oásis que abasteciam esta espécie. Quando morriam seus restos eram soterrados pelas tempestades de areia ou jogados dentro de um lago próximo.

    No início foram identificados 47 Caiuajaras, obtidos de uma área de 20 m², porém centenas de fósseis ainda estão no local. Para este tipo de pterossauro, e sua família, é suposta uma alimentação frugívora, ou seja, com base em diferentes tipos de frutas. Contudo não foram identificados naquele primeiro momento nem restos de frutos, nem peixes ou qualquer invertebrado na região, apenas uma iguana batizada de Gueragama sulamericana, mas já no ano de 2015. Estudos mais profundos estão sendo feitos para se identificar e caracterizar melhor o ambiente naquele tempo.

Fig. 4: Arte de Luciano Vidal, retirado de http://1.bp.blogspot.com/-LMjf6_4-NJQ/VOd6MkfZzXI/AAAAAAAAAqI/YfGzTVNDniY/s1600/caiuajara.jpg (06/07/2015, às 22:05).

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