DINOSSAUROS & AFINS
Pampadromaeus barberenai
O Pampadromaeus barberenai está entre os mais antigos dinossauros conhecidos, tendo vivido durante o período Triássico no Brasil, numa época em que todos os continentes ainda eram unidos. Ele era um dinossauro tão primitivo que possuía características tanto de saurópodes, que eram animais herbívoros, quanto de terópodes, animais carnívoros.
CLASSIFICAÇÃO:
FILO: CORDADO
CLASSE: REPTILIA
SUPERORDEM: DINOSAURIA
ORDEM: SAURISCHIA
SUBORDEM: SAUROPODOMORPHA
INFRAORDEM: INDETERMINADA
FAMÍLIA: INDETERMINADA
GÊNERO: PAMPADROMAEUS
ESPÉCIE: PAMPADROMAEUS BARBERENAI
Fig. 1: retirado de http://images.dinosaurpictures.org/65911a_5f76.jpg(14/05/18 às 00:00).
DESCOBERTA:
O Pampadromaeus foi descoberto, no ano de 2004, pelo paleontólogo Sergio Furtado Cabreira, da Universidade Luterana do Brasil, numa localidade conhecida como “Várzea do Agudo”, 2 km a oeste da cidade de Agudo no Rio Grande do Sul. O fóssil estava em rochas sedimentares avermelhadas, pertencentes ao Grupo Alemoa da Formação Santa Maria, datadas do Período Triássico, sendo que o dinossauro pode ter vivido entre 233 e 228 milhões de anos atrás, na idade Carniana.
Em 2006 seus restos fósseis, ainda contidos na rocha original, foram preparados e apresentados ao público, sendo que o dinossauro foi provisoriamente batizado de ULBRA-PVT016. O grande destaque para a descoberta era o grau de preservação dos fósseis, dando a impressão de que o animal havia morrido a poucos meses, e o fato dele estar entre os dinossauros mais antigos conhecidos. Em 2011 os paleontólogos Sergio Cabreira, Cesar Schultz, Jonathas Bittencourt, Marina Soares, Daniel Fortier, Lúcio Silva e Max Cardoso Langer batizaram e apresentaram o dinossauro ao mundo científico.
ETIMOLOGIA:
O nome do gênero vem da junção de duas palavras: a palavra quíchua pampa designa a região de vegetação campestre típica do extremo sul do Brasil, local de seu achado, e dromaeus vem do grego e significa corredor. Já o nome da espécie, barberenai, é uma homenagem ao paleontólogo brasileiro Mário Costa Barberena (1934 – 2013), que muito contribui para estudos paleontológicos no Rio Grande do Sul.
Fig. 2: retirado de http://public.media.smithsonianmag.com/legacy_blog/pampadromaeus-full.jpg (14/05/18 às 00:00).
PALEORROTA:
Foi identificado em 2004 apenas um indivíduo de Pampadromaeus, representado por um esqueleto com quase todo o crânio, uma coluna vertebral incompleta, partes da mandíbula, vértebras e partes de membros. Posteriormente, próximo a região da descoberta, outros elementos foram identificados e relacionados à espécie, no caso fêmur esquerdo, proximal, caudal, medial, distal e lateral. Tais fósseis indicavam se tratar de um indivíduo ainda em fase de crescimento.
O local do seu achado, todavia, é famoso não por dinossauros, mas por conter fósseis de outros animais como dicinodontes, cinodontes, proto-mamíferos entre outros, apresentando uma fauna na qual os dinossauros não se destacavam e eram a minoria. O Pampadromaeus provavelmente conviveu com o Exaeretodon, um cinodonte parecido com um cachorro, e o Hyperodapedon, um tipo de rincossauro com um bico, já que os restos de ambos também são encontrados no mesmo tipo sedimento.
Esta região do sul do Brasil, formada pelas cidades de Agudo, Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine, é tão rica em fósseis que acabou batizada de Paleorrota. São locais contendo restos de animais que viveram entre 250 e 200 milhões de anos atrás, durante o período Triássico, numa época que os continentes estavam todos ligados em apenas um, a Pangeia. Estes animais eram répteis completamente diferentes: muitos dos quais se assemelhavam mais com mamíferos, possuíam adaptações exclusivas para aquele meio ambiente, como animais com bicos ou mesmo hábitos de viverem em tocas, havia também aqueles muito semelhantes aos crocodilos, mas vivendo em ambientes terrestres.
Fig. 3: Arte de Rodolfo Nogueira, retirado de https://ciencia.estadao.com.br/fotos/geral,pampadromaeus-barberenai,504945 (14/05/18 às 23:30).
PALEORROTA:
A aparência do Pampadromaeus era peculiar, visto que ele possuía características típicas de saurópodes e de terópodes. Ele apresentava uma cabeça grande e comprida, membros e caudas longos, além de dentes em formato de folhas, característica de animais que se alimentavam de plantas, embora os cientistas acreditem que ele era onívoro. Pressupõe-se tratar de um dinossauro bípede bem ágil, devido à presença de cavidades pneumáticas no seu esqueleto. Com 50 centímetros de altura e um comprimento de 1,2 metros, tinha ossos leves e agilidade para fugir dos muitos predadores da época.
Não está concluído ainda, mas o Pampadromaeus pode ter sido o ancestral dos saúropodes, gigantes herbívoros de pescoço e caudas longos, que viveram em boa parte da Era Mesozoica. Aparentemente ele seria o elo entre diferentes grupos de dinossauros, num tempo em que eles ainda continham características que seriam mais distintas nos dinossauros dos períodos Jurássico e Cretáceo.
Por fim, Pampadromaeus está entre os primeiros dinossauros a aparecer na Terra, algo que foi demonstrado em pesquisa de datação de sedimento com base no decaimento de Urânio-Chumbo do solo. Foi constatado que a Formação Santa Maria possuía uma idade próxima a 233 milhões de anos atrás, deixando ela próxima à de sítios que contém os mais antigos registros de dinossauros. Sem dúvida o território do Brasil foi o lar das primeiras espécies, influenciou na expansão e direcionou a evolução dos dinossauros, que dominaram o planeta por praticamente toda Era Mesozóica.
Fig. 4: Dentes em forma de folha de Pampadromaeus. Foto de Sergio Cabreira et al/ Naturwissenschaften, retirado de http://cienciahoje.org.br/coluna/dinossauro-primitivo-nos-pampas/ (14/05/18 às 23:00).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Cabreira, Sergio F.; Cesar L. Schultz, Jonathas S. Bittencourt, Marina B. Soares, Daniel C. Fortier, Lúcio R. Silva and Max C. Langer. (2011). "New stem-sauropodomorph (Dinosauria, Saurischia) from the Triassic of Brazil". Naturwissenschaften 98 (12): 1035-1040. DOI:10.1007/s00114-011-0858-0.
Rodrigo Temp Müller, Max Cardoso Langer, Cristian Pereira Pacheco & Sérgio Dias-da-Silva (2017): The role of ontogeny on character polarization in early dinosaurs: a new specimen from the Late Triassic of southern Brazil and its implications, Historical Biology, DOI: 10.1080/08912963.2017.1395421
Langer, M. C., Ramezani, J. & Da Rosa, Á. A. S. (2018). U-Pb age constraints on dinosaur rise from south Brazil. Gondwana Res. 57, 133–140 DOI: 10.1016/j.gr.2018.01.005
http://www.ulbra.br/pesquisa/noticia/2416/pampadromaeus-barberenai---o-corredor-dos-pampas/
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/cacadores-de-fosseis/dinossauro-primitivo-nos-pampas