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Keresdrakon vilsoni

O Keresdrakon foi um pterossauro de 3 metros de envergadura de assas que viveu no Brasil durante o Período Cretáceo. Foi mais um réptil alado descoberto no estado do Paraná, numa época em que toda região era um imenso deserto continental. 

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

ORDEM: PTEROSAURIA

SUBORDEM: PTERODACTYLOIDEA

SUPERFAMÍLIA: AZHDARCHOIDEA

CLADO: TAPEJAROMORPHA

GÊNERO: KERESDRAKON

ESPÉCIE: KERESDRAKON VILSONI

Keresdrakon judoliveira.png

Fig. 1: Arte de Júlia d´Oliveira, retirado de https://www.deviantart.com/judoliveira/art/Waning-Crescent-826437546 (06/07/2015 às 21:45).

DESCOBERTA:

   A história do Keresdrakon está intimamente ligada à descoberta do Caiuajara, na região de Cruzeiro do Oeste, no Paraná. No ano de 1971, Alexandre Dobruski e seu filho observaram ossos escoando junto à água da chuva, numa estrada rural da cidade. Ele recolheu o material que acabou na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Somente em 2011 o material foi redescoberto e o interesse paleontológico na região surgiu.

  Perceberam que eram fósseis de um pterossauro, batizando-o de Caiuajara em 2014. Mais prospecções foram feitas e identificaram uma iguana pré-histórica e um novo dinossauro, o Vesperssauro. Aquela região estava se mostrando rica em fósseis de uma única espécie de pterossauro, algo que ocorrera apenas na Argentina e China. Porém, ao analisar mais atentamente, os paleontólogos perceberam que um outro pterossauro tinha seus restos misturados com o Caiuajara. Isto aconteceu porque após morrerem, a chuva levava os ossos desses animais para o fundo do lago, onde se acumulavam e misturavam.

   Após analisarem minuciosamente, pois os materiais fósseis estavam muito misturados, os cientistas conseguiram identificar o novo espécime e através da revista Anais da Academia Brasileira de Ciências, em 2019, os pesquisadores Alexander Kellner, Luiz Weinschütz, Borja Holgado, Renan Bantim e Juliana Sayão apresentaram ao público o Keresdrakon, o mais novo pterossauro brasileiro.

ETIMOLOGIA:

   O nome do gênero, Keresdrakon, foi escolhido com a junção das palavras gregas Keren e Drakon. A primeira faz referência à Queres, uma entidade feminina relacionada à morte violenta ou à pilhagem, enquanto a outra significa dragão. Isto é uma alusão à dieta do réptil alado, pois acreditasse que ele seria um carniceiro ou predador de pequenos animais.

  Já o nome da espécie é vilsoni, uma homenagem à Vilson Greinert, na época com 73 anos, comerciante aposentado, mas que aos 51 anos descobriu uma paixão pela paleontologia e, desde então, é voluntário e auxilia nos trabalhos de exposição de fósseis em Cruzeiro do Oeste, lar atual dos restos do Keresdrakon.

Fóssil Keresdrakon.jpg

Fig. 2: Fósseis de Keresdrakon (b) misturados aos de Caiuajara (a). Retirado de Kellner et. al, 2019.

O PTEROSSAURO:

 

   O Keresdrakon foi um pterossauro de 3 metros de envergadura de assas, um metro de altura, possuía um bico longo de 30 centímetros, semelhante aos de cegonhas, não possuía dentes e aparentemente não teria nenhuma crista sob a cabeça. Como os outros pterossauros, ele devia ser recoberto por estruturas semelhantes à pelos, suas assas eram formadas graças ao alongamento do quarto dedo do animal, já os três dedos restantes ele usava para caminhar no solo.

   O réptil alado foi encontrado na Formação Goio-Erê, do Grupo Caiuá, datado nas idades Turoniano até o Campaniano, entre 93,9 até 72,1 milhões de anos atrás. Naquela época a região do noroeste do Paraná era um imenso deserto na quais diferentes animais conseguiam sobreviver. O Keresdrakon foi um contemporâneo do Caiuajara, sendo inclusive parente do mesmo, porém seus hábitos deviam ser diferentes. Keresdrakon deve ter tido hábitos solitários, sendo um predador oportunista de pequenos animais, inclusive filhotes de Caiuajara e repteis menores, podia se alimentar de animais mortos, como fazem atualmente os Marabus na África, ou até podia se alimentar de frutas.

   A descoberta do Keresdrakon abre possibilidades novas quanto à forma como animais do passado viviam em ambientes considerados hostis, além de acrescentar uma informação nova: a região de Cruzeiro do Oeste hoje é conhecida como “Cemitério dos Pterossauros” devido ao acumulo em diferentes de restos da espécie Caiuajara, algo raro devido à fragilidade dos ossos e só visto na China e Argentina. Agora também temos restos do Keresdrakon, de diferentes faixas etárias, misturados juntos, ou seja, dois pterossauros de uma vez. Nada semelhante foi descoberto até hoje ao redor. Muitas novidades ainda esperam para serem reveladas em Cruzeiro do Oeste.    

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Fig. 3: Arte de Maurílio Oliveira, reconstrução de Keresdrakon convivendo com Caiuajaras e Vesperssauros

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

Kellner, Alexander W. A.; Weinschütz, Luiz C.; Holgado, Borja; Bantim, Renan A. M.; Sayão, Juliana M. (August 19, 2019). "A new toothless pterosaur (Pterodactyloidea) from Southern Brazil with insights into the paleoecology of a Cretaceous desert". Anais da Academia Brasileira de Ciências. 91 (2019): e20190768. doi:10.1590/0001-3765201920190768

 

https://www.folhadelondrina.com.br/cidades/fossil-de-pterossauro-em-cruzeiro-do-oeste-fez-parte-de-ecossistema-complexo-2961363e.html

 

https://cienciahoje.org.br/artigo/um-novo-dragao-alado-do-brasil/

 

https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2019/08/20/pesquisadores-de-sc-descobrem-nova-especie-de-pterossauro-e-batizam-de-dragao-espirito-da-morte.ghtml

 

https://www.nsctotal.com.br/noticias/voluntario-de-santa-catarina-da-nome-a-mais-nova-especie-de-pterossauro-descoberta-no

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