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Sahitisuchus fluminensis

     O Sahitisuchus fluminensis foi um predador crocodilomorfo de hábitos terrestres que viveu no Brasil durante o Paleoceno, provando que alguns grupos de animais que conviveram com os dinossauros sobreviveram à grande extinção em massa do final do Cretáceo.    

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

SUBORDEM: NOTOSUCHIA

CLADO: SEBECOSUCHIA

CLADO: SEBECIA

FAMÍLIA: SEBECIDAE

GÊNERO: SAHITISUCHUS

ESPÉCIE: SAHITISUCHUS  FLUMINENSIS

Fig. 1: retirado de http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2014/01/guerreiro-extinto (17/09/15 às 11:15). Arte de Maurilio Oliveira.

DESCOBERTA:

 

     O Sahitisuchus foi encontrado no bairro São José do município de Itaboraí, estado do Rio de Janeiro, local do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí. Esta localidade é abundante em calcário e foi explorada pela Companhia Nacional de Cimento Portland Mauá, entre 1933 e 1984. Durante este período muitos fósseis de mamíferos e répteis foram encontrados, coletados e estudados por paleontólogos.

    Muitos materiais fósseis ficaram guardados no Museu Nacional, entre eles um crânio, uma mandíbula e algumas vértebras que ficaram sem identificação e estudo apropriado por décadas. Em 2011 estes restos foram reencontrados no museu e a passaram a serem estudados pelos paleontólogos Alexander Kellner, André Pinheiro e Diogenes Campos. Com um custo de 8 mil reais, eles fizeram uma pesquisa por dois anos, dos quais um ano foi só de preparação do fóssil, e apresentaram ao público em 2014 o Sahitisuchus fluminensis, como um novo tipo de crocodilomorfo que habitou o território brasileiro a milhões de anos.

         

ETIMOLOGIA:

 

    O nome Sahitisuchus vem da junção da palavra “Sahi ti” e “souchus”. Sahi ti é uma palavra da língua Xavante, um idioma falado no Brasil, que significa “ser bravo” ou “ser valente” como um guerreiro, sendo uma alusão ao fato do animal ser descendente daqueles que sobreviveram à extinção em massa do final do Cretáceo. Já a palavra souchus é uma referência ao deus egípcio com cabeça de crocodilo.

    O nome da espécie, “fluminensis”, se refere ao estado do Rio de Janeiro, local do achado dos fósseis. Em outros termos, pode-se dizer o nome do animal significa: “Crocodilo guerreiro do Rio de Janeiro”.

 

            

Fig. 2: retirado de http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2014/01/guerreiro-extinto (17/09/15 às 11:15). Foto: CPRM.

O ANIMAL:

 

     O Sahitisuchus foi um predador com cerca de dois metros de comprimento e um metro de altura, tinha um crânio muito parecido com o de crocodilos atuais, só que maior e mais alto, além de hábitos terrestres e, talvez, semiaquáticos. Ele era um bom caçador, oportunista quando preciso, talvez vivesse em bandos como alguns de seus ancestrais da Era Mesozoica e tinha em sua boca uma grande quantidade de dentes, indicando uma dieta variada que ia de presas comuns até carniça.

     Ele viveu entre 58,2 a 56,5 milhões de anos atrás, durante o Período Paleogeno, na época do Paleoceno, durante a idade do Thanetiano (59,2 a 56 milhões de anos). Ele foi um importante predador daquele tempo, um dos maiores já encontrados para aquela região, e talvez ocupasse o topo da cadeia alimentar, já que o local era habitado por mamíferos e répteis de porte pequeno.

     A razão de a sua família ter sobrevivido à extinção do final do Cretáceo tem haver com o hábito alimentar destes répteis: sua alimentação não era especializada, conforme indicaram estudos de seus dentes, portanto tinha uma variedade maior de opções de alimentos à sua disposição quando preciso. Esta característica fez com que este grupo existisse por mais algum tempo não só no Brasil, como também em outras partes do globo.

 

 

FÓSSEIS DE ITABORAÍ:

 

     A região de Itaboraí tem sido muito relevante para estudos da fauna e flora durante o Paleoceno, visto que alguns milhões de anos antes os dinossauros e outros répteis dominavam boa parte do planeta e, rapidamente, foram substituídos por novas espécies. Esta bacia geográfica brasileira foi tão importante para a ciência que foi criada uma idade geológica com seu nome, a idade Itaboraiano, servido como referência para estudos de mamíferos da América do Sul.

     A bacia tem uma idade variando entre 61,8 milhões para 56,5 milhões de anos atrás, os estudos geográficos no local mostraram que o clima na época não era muito diferente do clima do Cretáceo, variando de árido para semiárido, com uma fauna composta em sua maioria por mamíferos marsupiais de porte pequeno, aves e répteis da mesma estatura. Sahitisuchus com certeza era um caçador temeroso naquele ambiente, que também contava com outro crocodilomorfo, o Eocaiman, animal muito parecido com os jacarés atuais.

     Durante muitos anos as pedreiras de Itaboraí deram à região uma grande quantidade de calcário, movimentando a economia, permitiram um aprimoramento nos estudos científicos e acrescentaram descobertas paleontológicas para o mundo. Atualmente existe um parque paleontológico na localidade, porém as antigas pedreiras, devido ao fim das prospecções, estão debaixo d´agua graças à formação de um lago artificial na região.

 

 

Fig. 3: Vista atual das pedreiras, retirado de http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2014/01/15/ pesquisadores-descobrem-fossil-de-reptil-mais-antigo-do-estado-do-rio.htm#fotoNav=12 (17/09/15 às 11:27). 

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