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Caipirasuchus paulistanus

O Caipirasuchus foi um crocodilomorfo terrestre que viveu no Brasil durante a era dos dinossauros. Réptil de hábitos herbívoros, o Caipirasuchus era uma animal ágil, pequeno e muito comum no ecossistema do final do período Cretáceo.       

CLASSIFICAÇÃO:

 

FILO: CORDADO

CLASSE: REPTILIA

SUPERORDEM: CROCODYLOMORPHA

CLADO: CROCODYLIFORME

CLADO: MESOEUCROCODYLIA

SUBORDEM: NOTOSUCHIA

FAMÍLIA: SPHAGESAURIDAE

SUBFAMÍLIA: CAIPIRASUCHINAE

GÊNERO: CAIPIRASUCHUS

ESPÉCIE: CAIPIRASUCHUS PAULISTANUS

Caipirasuchus.jpg

Fig. 1: Arte de Ariel Milan Deverson da Silva (Pepi), adaptado.

DESCOBERTA:

 

    A cidade de Monte Alto, no estado de São Paulo, bem como todas as cidades vizinhas, estão numa área muito rica em achados paleontológicos, datados do final do período Cretáceo. Muitas expedições, ao longo de décadas, foram realizadas à procura de vestígios fósseis e, em uma dessas buscas, o fóssil do Caipirasuchus foi descoberto.

   O achado se deu no bairro Homem de Mello, da cidade de Monte Alto, mais especificamente a seis quilômetros do município, na Fazenda São Francisco, na data de 09 de abril de 2000. O material foi coletado e guardado no acervo do Museu de Paleontologia de Monte Alto. Somente 11 anos depois, após uma devida preparação do material fóssil, o Caipirasuchus foi estudado pelos pesquisadores Fabiano Iori e Ismar Carvalho e definitivamente batizado. Naquele primeiro momento estudaram e descreveram seu crânio e mandíbula, deixando para apresentar o estudo do restante do corpo em 2016, num artigo que também contou com o apoio do pesquisador Thiago Marinho.

  A análise do muito bem preservado fóssil do Caipirasuchus indicava se tratar de um crocodilomorfo esfagessaurídeo, animal quadrúpede, tinha uma dentição diferenciada, na qual cada porção de dentes tinha funções diferentes. Ele foi encontrado na Bacia Bauru, especificamente na Formação Adamantina, portanto viveu no Cretáceo entre 93,9 e 83,6 milhões de anos atrás, na eras do Turoniano ao Santoniano. Esta seria a primeira das muitas espécies de Caipirasuchus identificadas no Brasil, sendo uma exclusividade de fauna do país.      

ETIMOLOGIA:

   Esta espécie foi batizada de Caipirasuchus paulistanus, sendo o nome da espécie uma homenagem aos gentílicos do estado de São Paulo, os paulistas. O nome do gênero, do mesmo modo, provém do termo caipira, usado para designar as pessoas que vivem em cidades mais rurais ou distantes das capitais, como o caso da cidade de Monte Alto. Outra curiosidade é que a data da descoberta dele coincidia com o aniversário do cineasta e ator Amâncio Mazzaroppi (1912-1981), cujo os filmes no ambiente rural são muito famosos.  

   Ainda era intenção dos autores deixar subtendido que o Caipirasuchus seria um animal herbívoro, visto que a palavra caipira se originou do termo tupi ka´apir cunhado para os portugueses que adentravam o interior, significando cortador de mato.

Cranio C. paulistanus.png

Fig. 2: Fóssil do crânio muito bem preservado do Caipirasuchus. Imagem: Divulgação.

O ANIMAL:

 

   O Caipirasuchus era um membro da família dos esfagessaurídeos, répteis crocodilomorfos inusitados, não só por serem aparentados dos jacarés, porém terrestres, mas por terem um dieta que variava entre herbívora e onívora. Seu tamanho era de 1,10 metros de comprimento, as narinas posicionadas frontalmente no seu rosto parecido com um V, tinha uma pele escamosa e as osteodermas alongadas nas costas arredondavam-se até chegar ao rabo.

   Os dentes do Caipirasuchus são bem diferentes, eles apresentam uma variação na funcionalidade, inclusive foram detectados sinas de desgastes. Ao que tudo indica, ele teria a capacidade de mastigar, algo que os jacarés modernos, por exemplo, não conseguem fazer. Isso indica a provável alimentação onívora ou herbívora, variando desde folhas, raízes até insetos ou moluscos. Esta adaptação está presente em muitos crocodilomorfos descobertos no Brasil, em especial da Bacia Bauru, indicando que tais animais possuíam posições variadas na cadeia alimentar.

   Outra característica observada está em suas patas dianteiras serem maiores que as traseiras, dando ao animal a capacidade de ser mais rápido. Como ele possuía uma couraça pouco espessa, pode ser que usasse a agilidade para se defender de predadores da época, como os dinossauros. Por fim, é notável que tal animal viveu em um ecossistema muito mais árido, com rios e lagos intermitentes, de modo que sua adaptação evolutiva o tenha feito prosperar, afinal, diversas espécies diferentes de Caipirasuchus tem sido descoberta, revelando cada vez mais sobre a pré-história brasileira. 

caipirasuchus

Fig. 3: Arte de Jakub Kowalsk, retirado de https://www.deviantart.com/kahless28/art/Caipirasuchus-366752539 (15/11/20 às 16:00 h).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

IORI, F. V.; CARVALHO, I. S. Caipirasuchus paulistanus, a new sphagesaurid (Crocodylomorpha, Mesoeucrocodylia) from the Adamantina Formation (Upper Cretaceous, Turonian–Santonian), Bauru Basin, Brazil. Journal of Vertebrate Paleontology, v. 31, n. 6, p. 1255-1264, 2011.

 

IORI, F. V.; CARVALHO, I. S. The Cretaceous crocodyliform Caipirasuchus: behavioral feeding mechanisms. Cretaceous Research, v. 84, p. 181-187, 2018.

 

IORI, F. V.; CARVALHO, I. S., MARINHO, T. S. Postcranial skeletons of Caipirasuchus (Crocodyliformes, Notosuchia, Sphagesauridae) from the Upper Cretaceous (Turonian-Santonian) of the Bauru Basin, Brazil. Cretaceous Research, v. 60, p. 109-120, 2016.

 

http://www.faperj.br/?id=2097.2.1

https://www.planetauniversitario.com/index.php/ciencia-e-tecnologia-mainmenu-75/25087-caipirasuchus-paulistanus-um-crocodilo-exotico

https://cienciahoje.org.br/fossil-caipira/

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